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"Votaram por impulso de expurgar corrupção, espero que não se arrependam"

Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, reflete sobre a eleição de Jair Bolsonaro, explicando os motivos que na sua opinião estão na base do 'descrédito' do Partido dos Trabalhadores.

"Votaram por impulso de expurgar corrupção, espero que não se arrependam"
Notícias ao Minuto

11:20 - 29/10/18 por Filipa Matias Pereira

Política Joaquim Jorge

Será Jair Bolsonaro a liderar os rumos do país durante os próximos quatro anos. Perante um país dividido entre o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) e o do Partido Social Liberal (PSL), na segunda volta das eleições do Brasil este domingo, o povo foi soberano. É Bolsonaro o 38.º presidente da República Federativa do Brasil.

Joaquim Jorge acredita que o candidato do PSL foi eleito por um Brasil “farto de corrupção e criminalidade. Lula propiciou o vendaval Bolsonaro, em desespero criou Haddad para emendar o erro, mas não foi a tempo”.

Esta “figura de ultra-direita”, refere ainda o fundador do Clube dos Pensadores, “foi criada pela descomunal corrupção que teve o seu apogeu com o Lava Jato, com ramificações na Petrobras e Odebrecht, sendo considerado o maior escândalo de corrupção da história, onde o PT e Lula são figuras relevantes".

Num texto enviado à redação do Notícias ao Minuto, o biólogo defende ainda que para estas circunstâncias contribuiu também a violência, sendo que “o Brasil em 2017 bateu todos os recordes de homicídios: à volta de 64.000, uma média de sete por hora”.

Perante estes factos, “os cidadãos querem respostas rápidas”, alega, explicando que “a insegurança e a corrupção foram munições para Bolsonaro, um candidato que nas suas aparições públicas simulava uma pistola com o polegar e indicador”.

Recorde-se que Jair Bolsonaro “encarna o sentimento anti-PT” e “este foi o caminho escolhido pelos brasileiros: Lula e o PT são a peste, o mal, o inimigo a abater. Este foi o sentimento do povo brasileiro de repulsa”.

Bolsonaro, sustenta, “para muitos representa a renovação e a mudança apesar de levar sete mandatos no Congresso. Muitos brasileiros votaram Bolsonaro pelo rasto que o PT deixou, a corrupção sempre existiu, mas atingiu níveis intoleráveis”. Por sua vez, a escolha de Fernando Haddad para candidato PT “foi capciosa. No fundo, era Lula que mandava na cadeia, isso foi um erro monumental”.

Joaquim Jorge não acredita que Bolsonaro, que apelida de “ex-militar nostálgico da ditadura”, seja a solução, recordando que este “mostra um desprezo claro pelas regras do jogo democrático, apesar de no seu discurso de vitória ter dito o contrário”.

Ora, o comentador receia que “o Brasil saia do esquema democrático e se converta numa ditadura eleitoral. Os brasileiros votaram pelo impulso de expurgarem a corrupção e a violência, espero que não se arrependam”. A réstia de esperança, defende, “é que Bolsonaro, para pôr em marcha os seus planos, tem que mudar decretos, fazer novas leis, mudar a Constituição, todavia precisa do apoio de todo o arco político”.

Por isso, “vamos ver como funcionam os contra-poderes institucionais, não tenho dúvidas de que o Brasil vai passar a ter uma democracia musculada”. Aliás, recorda, “Donald Trump também queria fazer muita coisa, mas é impedido pelo sistema democrático dos EUA. Eu sei que o Brasil não é a América, mas quero acreditar na sua democracia”.

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