Foi à margem da apresentação de um novo simulador de pensões que o primeiro-ministro respondeu às questões de jornalistas sobre a instabilidade na Proteção Civil.
Recorde-se que António Paixão se demitiu do cargo de Comandante Nacional da Proteção Civil, cargo esse que assumira há menos de meio ano, em dezembro do ano passado. Para o seu lugar, o Governo já nomeou o coronel do Exército, Duarte da Costa.
António Costa começou precisamente por realçar que já foi escolhido um novo comandante. “É importante que esta substituição se faça rapidamente”, disse, referindo ainda que “está previsto para dia 19” um exercício a nível nacional com os diferentes agentes da Proteção Civil.
“O novo comandante foi particularmente bem recebido, não só desde logo pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses [Jaime Marta Soares] mas também pelos próprios partidos da oposição. É um sinal de que tudo está em condições”, fez sobressair o primeiro-ministro.
“Não há caos nenhum” na Proteção Civil, disse ainda António Costa na sequência de uma pergunta de uma jornalista que sugeria que se poderia transmitir a ideia de “caos” dado o facto de esta substituição na liderança da Proteção Civil se dar em maio, já com os meses mais quentes de verão à espreita.
"Este ano foi feito um esforço enorme, como nunca tinha sido feito, ao longo de todo o inverno, para haver uma grande campanha de limpeza dos matos, que aliás deve prosseguir porque é fundamental para termos um verão em maior segurança", reforçou ainda o líder do Executivo.
"Obviamente que ninguém desejaria que o comandante nacional tivesse motivos pessoais que o obrigassem a pedir substituição.... Está substituído, há um novo comandante, portanto vamos trabalhar".
Questionado sobre o comandante cessante ter sugerido falta de apoio do Executivo em algumas medidas estratégicas, Costa respondeu: "Só conheço a carta que enviou, que invoca simplesmente razões pessoais".
Já acerca das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, em que o Presidente da República adiantou que não se iria recandidatar caso houvesse uma tragédia semelhante com incêndios este ano, Costa evitou abordar diretamente o tema. "O Presidente da República já disse que é um cenário [de nova tragédia semelhante] que não se põe e o que todos temos de fazer é trabalhar para que nenhuma tragédia destas se coloque".
Costa, saliente-se, tinha colocado de parte a demissão do Governo caso tragédia semelhante ocorresse. Ora, questionado sobre se a afirmação de Marcelo seria uma resposta direta às suas palavras, Costa foi perentório: "Tenho a certeza que não, porque a relação entre o Governo e o Presidente desenvolve-se num diálogo normal".
"O senhor Presidente da República não manda recados ao Governo pelos jornais. Dialoga diretamente com o Governo. Como é normal num país que funciona civilizadamente, os órgãos de soberania relacionam-se com toda a normalidade.", rematou.