Meteorologia

  • 27 ABRIL 2024
Tempo
11º
MIN 11º MÁX 17º

Estudo a homicidas revela tendência para perfecionismo e inflexibilidade

Um estudo de um grupo de psicólogos da Universidade de Aveiro a 30 homicidas revela tendência para o perfeccionismo, controlo e inflexibilidade, dificuldade em identificar emoções, e ainda sintomas de stresse pós-traumático, revelou hoje fonte académica.

Estudo a homicidas revela tendência para perfecionismo e inflexibilidade
Notícias ao Minuto

13:41 - 26/03/18 por Lusa

País Aveiro

O estudo, realizado pela primeira vez em cadeias portuguesas, com autorização da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, procurou avaliar os sintomas psicopatológicos, a personalidade e o processamento emocional de reclusos condenados por homicídio.

O grupo estudado "mostrou tendência para o perfeccionismo, controlo e inflexibilidade, com dificuldade em identificar algumas emoções, apresentando ainda sintomas de stresse pós-traumático", refere o relatório.

Entre os 30 reclusos, figuram homens que foram condenados por homicídio voluntário, na forma simples, qualificada e privilegiada, tanto por motivos passionais e familiares, como decorrentes de negócios ilícitos, de assaltos, de altercações ou de vingança.

A todos foi realizada uma bateria de testes e entrevistas de avaliação de psicopatologia, da personalidade, de psicopatia e da forma como identificam e processam as emoções.

O mesmo procedimento foi efetuado com um grupo de três dezenas de homens sem história criminal, recrutados aleatoriamente para comparação.

Os reclusos distinguiram-se dos indivíduos do grupo de controlo por pontuações mais elevadas na escala da Compulsividade e nas respetivas características associadas.

Foi ainda identificada entre os reclusos a presença de sintomas de stresse pós-traumático o que reporta a existência de sintomas relacionados com algum tipo de trauma psicológico.

Quanto à caracterização da personalidade, "salienta-se o resultado na faceta da impulsividade, que é considerada na literatura científica como um fator de risco do comportamento criminal".

Outro aspeto diferenciador entre os grupos estudados foi a presença de psicopatia nos reclusos condenados por homicídio em comparação com o grupo de controlo, que não apresentou indícios.

Já no processamento emocional, foram encontradas diferenças em ambos os grupos, pelo que "o grupo de reclusos apresentou um padrão de desempenho ao nível da identificação e reconhecimento das emoções diferente do encontrado no grupo de controlo", por exemplo, no que diz respeito às emoções de medo, alegria, tristeza, surpresa.

A psicóloga Dulce Pires, que realizou o estudo no âmbito do seu doutoramento, orientado por Isabel Santos, Carlos Fernandes da Silva e Ana Allen Gomes, salienta que a investigação da UA pretende ser um indicador dos aspetos a trabalhar com indivíduos condenados por homicídio, quer ao nível do tratamento de psicopatologia quer ao nível da identificação e gestão de emoções.

A investigadora reforça desta forma "a importância da avaliação psicológica e tratamento em contexto prisional, e após o cumprimento da pena, já em sociedade".

"Estes indivíduos necessitam de apoio continuado a nível psicológico e social", alerta a psicóloga.

Para além das áreas do tratamento e reabilitação, o estudo pretende ajudar igualmente os profissionais da investigação criminal e da prevenção, pela informação que pode dar no entendimento do crime e do ofensor.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório