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"Quando visto o fato fico com uma energia enorme. Deve ter algo mágico"

O Notícias ao Minuto foi tentar resolver um dos mistérios mais bem guardados da História. Qual é a identidade do Pai Natal? Às crianças que estiverem a ler este artigo, pedimos que não avancem mais no texto.

"Quando visto o fato fico com uma energia enorme. Deve ter algo mágico"
Notícias ao Minuto

07:30 - 25/12/17 por Sara Gouveia

País Pai Natal

Fomos conhecer o Pai Natal dos Armazéns do Chiado, conhecer a história do homem que ali encarna esta personagem há 19 anos. José Vilela Pereira tem 75 anos e todos os Natais alegra as crianças que por ali passam para o conhecer.

Veio da província e ingressou na tropa quando era novo, esteve na Guerra Colonial, na Guiné-Bissau, durante mais de dois anos e quando voltou foi para a guarda fiscal, um corpo de tropas responsável pelo controlo fronteiriço e marítimo. Quando se reformou, aos 51 anos, devido à extinção da corporação, “não podia ficar no banco do jardim, como se costuma dizer” e agarrou a oportunidade de fazer trabalhos de figuração.

Foi através desses trabalhos que surgiu a hipótese de ir fazer de Pai Natal, trabalho que ainda hoje faz com gosto.

“Quando visto aquele fato, tudo desaparece, fico com uma energia enorme. Não sei, aquele fato deve ter alguma coisa mágica que quando o visto sou uma pessoa diferente, encarno o Pai Natal e só quando o tiro volto a ser o Zé”, revela.

Sobre a experiência de ser Pai Natal conta-nos que não sabe quantas fotografias já terá tirado e fala das muitas histórias que tem. “Às vezes, as mães chegam ao pé de mim com as crianças e querem tirar fotografias aos filhos com o Pai Natal, mas eles não querem e eu é que tenho de negociar com as crianças para tirarem uma fotografia comigo, no outro dia até disse que parecia o Bloco de Esquerda a negociar com o António Costa. É preciso termos calma, dizermos certas coisas para que eles acabem por aceder. É muito interessante”, diz.

Relativamente aos pedidos que recebe, diz que “são de todo o tipo”. Para as crianças “é telemóveis, é consolas, princesas, brinquedos no geral, roupa é que pedem muito pouco”. E "vão ali dizer coisas que não dizem aos pais, as próprias mães dizem isso, que eles confessam ali coisas ao Pai Natal que não contam a mais ninguém”.

Outros pedidos são menos comuns. “As moças já adultas que se atiram ao meu colo é que fazem os pedidos mais estranhos! Chamam-me e eu digo-lhes logo: Nem namorados, nem namoradas, não arranjo nada para ninguém, que isso é uma responsabilidade muito grande”, relata-nos, a rir.

E quando acaba o Natal? "Sente um vazio"

Para José, “estar ali é uma experiência inesquecível. É muito tempo, são muitos anos”, acrescentando que quando acaba o Natal quase “sente um vazio”.

Em casa tem algumas cartas que foram escrevendo ao longo dos anos ao Pai Natal e que recebeu, mas nem todos podem ser o homem das barbas brancas que vive na imaginação dos mais pequenos. “Para ser o Pai Natal é preciso ter boa vontade, ter sensibilidade, é preciso ter espírito e tem de se gostar de fazer aquilo. Não posso estar ali sentado a fazer de pau mouco, tenho de estar ali para os miúdos e para os adultos”, explica.

Diz perder a conta a quantas crianças recebe por dia, mas diz que devem ser à volta de centenas. Uma delas, no outro dia, era o seu neto mais novo, que descobriu a identidade do Pai Natal de uma forma inesperada.

“Foi lá com o pai e perguntou a uma rapariga que lá trabalhava comigo se ela sabia quem era o Pai Natal e ela respondeu “sim, é o avô Zé”, mas ele não sabia, o meu filho não o preparou e ele só chorava, só chorava, foi um problema e não fomos capazes de lhe tirar uma fotografia comigo sozinho”, contou.

Casado, pai de dois filhos e avô de três netos conta-nos que este ano o Natal do Pai Natal vai ser passado em família. “Vamos todos passar uns dias a casa do meu filho, a casa dele tem lareira e passamos todos juntos”.

Há tantos anos no Chiado, já fez o cortejo de chegada do Pai Natal muitas vezes e refere que já entrou “de todas as maneiras”. “Já entrei num carro puxado por cavalos, num trenó puxado por cães, de limousine” e conta que só não aterrou de helicóptero na Praça do Comércio porque os Ministérios não autorizaram.

“Às vezes digo para a minha mulher que isto é uma experiência única, tenho 75 anos e não vou fazer previsões, mas gostava de fazer de Pai Natal mais uns anos”, confidencia-nos.

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