'Negócio da China': As viagens da Huawei que afinal foram pagas pela NOS
Funcionários do Ministério da Saúde colocaram o seu lugar à disposição após se terem visto envolvidos numa polémica por terem aceitado ir à China com as despesas todas pagas pela NOS.
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País Polémica
A notícia era avançada, no sábado, pelo Expresso e dava conta de que seis funcionários dos ministérios da Saúde e das Finanças haviam viajado à China, em 2015, com as despesas todas suportadas pela Huawei. Mais tarde, mas ainda no mesmo dia, o semanário viria a retificar a informação, indicando que teriam sido antes parceiros privados da empresa a custear as viagens.
O ‘verniz estalou’ e a Autoridade Tributária abriu um inquérito para "verificação das circunstâncias que levaram à autorização e aceitação da viagem em questão". Os quadros dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) que teriam viajado a convite seriam Artur Trindade Mimoso, vogal executivo do conselho de administração, Nuno Lucas, diretor de sistemas de informação, Ana Maurício, diretora de comunicação, Rui Gomes, diretor de sistemas de informação e Rute Belchior, diretora de compras.
Dadas as circunstânicas, assim que teve conhecimento do sucedido, o ministro da Saúde ordenou à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde que investigasse o caso, tendo sido realizadas, inclusive, durante o dia de ontem, “diversas reuniões” com os dirigentes em causa e na sequência das quais estes colocaram "à disposição os respetivos lugares".
O Ministério da Saúde aguarda agora pelas conclusões da averiguação pedida à Inspeção-geral das Atividades de Saúde (IGAS), depois de considerar "como positiva" a atitude tomada pelos dirigentes de colocarem à disposição os seus lugares.
Já a Huawei não gostou de ver o seu nome associado à polémica e demarcou-se dizendo que "não pagou viagem à China a nenhuma pessoa envolvida neste caso". Viria a confirmar-se, pouco depois, que as viagens, tinham sido afinal suportadas pela NOS, isto após informação avançada pelo jornal online Eco.
Em comunicado, a empresa de telecomunicações confirmava, então, que “em junho de 2015, colaboradores da empresa participaram numa viagem de trabalho a Zhang Zhou e Shenzehen, que teve como único objetivo partilhar com os participantes conhecimento e melhores práticas na área da saúde". A empresa fez saber, ainda, que "o enquadramento deste pagamento encontra-se ainda a ser apurado", já que as regras internas na operadora "não preveem a possibilidade de a empresa suportar, mesmo que parcialmente, custos de deslocações que não os dos seus próprios colaboradores".
Recorde-se que o início da polémica remonta ao mês de julho, quando o deputado do PSD Sérgio Azevedo também foi acusado de viajar à custa da Huawei. Passos Coelho pediu-lhe esclarecimentos e o deputado lamentou todo o alarido feito por causa de uma viagem mas vincou que "quer no plano ético, quer no plano da licitude" agiu "em conformidade".
Também o adjunto do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Nuno de Almeida Barreto, terá viajado à conta da Huawei, em janeiro de 2017. O 'passeio' levou à abertura de um inquérito por parte do Ministério Público e que acabou com Nuno Barreto a colocar o seu lugar à disposição e a ser exonerado.
Num curto espaço de tempo, este é o segundo escândalo que envolve figuras ligadas ao Estado e viagens pagas por empresas. As viagens de alguns governantes a França, a propósito do Euro 2016, custeadas pela Galp levaram, nomeadamente, à demissão do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade.
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