"Assegurar que isto não vai voltar a acontecer seria irresponsável"
Os incêndios estão longe do fim, alerta o primeiro-ministro. Pede-se reforço da prevenção e ficam críticas aos "treinadores de bancada".
© Reuters
País António Costa
António Costa deixou esta tarde um pedido de "confiança" nos dispositivos no terreno, instituições do Estado e solidariedade internacional, mas também um “redobrado esforço nas medidas de prevenção e vigilância dos incendiários", assim como a “comunicação imediata de qualquer ocorrência”.
“Uma chama todos nós apagamos, um incêndio de larga dimensão muito dificilmente é apagado”, disse o primeiro-ministro após o briefing da Proteção Civil que deu conta de oito grandes incêndios ativos, combatidos por 2.426 operacionais no terreno, apoiados por 738 viaturas e 32 meios aéreos.
“A maior irresponsabilidade que eu podia ter era assegurar que isto não vai voltar a acontecer", reforçou António Costa. “Todos temos de ter a noção que isto vai voltar a acontecer”.
Questionado a propósito da velocidade de resposta dos meios envolvidos no combate às chamas, o chefe de Estado responde com números: “Desde o dia 1 de julho já tivemos 2.007 ocorrências e 81% foram controladas nos primeiros 90 minutos”.
Para além desta “palavra de alerta” às populações, para que não adotem comportamentos de risco e protejam a floresta numa período de elevado risco de incêndio e situação de seca extrema em 72,3% do território, fica uma “palavra de alento” aos bombeiros, aos autarcas e aos agentes da Proteção Civil, pelo seu trabalho no terreno e apoio às populações.
António Costa deixa ainda uma “palavra de confiança” a todos os "responsáveis por enfrentar estas ameaças", lembrando que "situações trágicas não podem esconder aquele que tem sido o desempenho extraordinário" dos dispositivos no terreno.
Neste sentido, o primeiro-ministro condenou aqueles que contribuem para a "desmoralização dos bombeiros com discussões laterais, aproveitamento político das tragédias ou cada um estar a fazer um concurso de treinador de bancada, como se estivássemos a falar de jogos de futebol".
"Não estamos a discutir se o treinador escolheu bem ou mal o jogador para marcar o penálti, estamos a discutir vidas humanas”, reiterou. "Foi absolutamente lamentável o que aconteceu esta semana em termos de especulação e aproveitamento político."
"A polémica surge só quando resolveram acusar o Governo de estar a querer esconder o número de vítimas, seria das acusações mais parvas que eu já vi. Só numa ditadura é possível tentar esconder o número de vítimas".
"Espero que esta semana tenha servido de lição e que todos passemos a respeitar as instituições do Estado", concluiu, dizendo-se "muito satisfeito" com o facto de a divulgação por parte da Procuradoria-Geral da República da lista das pessoas que morreram em Pedrógão Grande ter "posto termo a esta especulação".
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