"Meio Estatuto". Associação de Juízes contra proposta do Governo
O secretário-geral da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) lamentou hoje que o Ministério da Justiça (MJ) não tenha conseguido apresentar uma "proposta completa" de revisão dos Estatutos dos magistrados, deixando de fora matérias essenciais.
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Em declarações à Agência Lusa, João Paulo Raposo referiu que a proposta apresentada pelo MJ é de apenas "meio estatuto", quando o compromisso assumido pela ministra da Justiça era o de entregar às estruturas sindicais do setor uma "proposta completa" de revisão dos Estatutos.
"Até agora isso não foi cumprido", enfatizou o dirigente da ASJP, reconhecendo que não será nos próximos dias que o MJ irá colmatar essa falha.
O MJ remeteu na sexta-feira a primeira proposta de revisão dos Estatutos, destinada a dignificar a classe e a adequar às alterações introduzidas com a nova organização do sistema judiciário, mas alertou que o documento "não contém as normas relativas à retribuição, que se encontram ainda em consolidação".
João Paulo Raposo sublinhou que os juízes "não podem estar satisfeitos" com o facto de não existir, até ao momento, uma proposta completa, tanto mais que os Estatutos são um "documento único de direitos e obrigações" que têm de abarcar "todas as áreas", incluindo as questões remuneratórias.
O mesmo responsável revelou que a direção da ASJP reuniu-se hoje de manhã para analisar a parte dos Estatutos que lhe foi entregue e que durante a tarde será ouvido o Conselho Consultivo.
Indicou que a ASJP vai "analisar aprofundadamente" o documento e fazer uma avaliação o mais rápido possível, até para que não seja imputado qualquer atraso com vista à aprovação dos Estatutos, que terão ainda de seguir para processo legislativo na Assembleia da República.
"Não há razão para que o processo não ande rápido", adiantou.
Confrontado com a informação de que a parte remuneratória não consta do documento entregue porque está retido no Ministério das Finanças, João Paulo Raposo frisou que o Ministério da Justiça não se pode desonerar das suas obrigações com o pretexto que é preciso aprovação das Finanças.
"As questões internas do Governo não nos interessam", disse, observando que é com o Ministério da Justiça que a ASJP "se relacionada".
Não tendo o Ministério da Justiça apresentado uma proposta completa de revisão dos Estatutos, algo pelo qual a ASJP se bate há seis anos, João Paulo Raposo assegurar que "continuam em cima da mesa" a possibilidade de adoção pelos juízes de formas de protesto pelo incumprimento do diploma em causa.
Com vista à revisão dos estatutos, o MJ criou, no ano passado, um grupo de trabalho que tem vindo a elaborar o projeto de estatutos para os juízes e magistrados do Ministério Público. O grupo de trabalho é dirigido pelo ex-presidente do Supremo e antigo dirigente da ASJP, Noronha do Nascimento.
Os magistrados esperam que os novos estatutos resolvam reivindicações relacionadas com o aumento do suplemento salarial de exclusividade, progressão na carreira, reforço das garantias de independência e articulação dos estatutos com a nova organização dos tribunais.
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