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Suspeito do duplo homicídio de Sangalhos quis sair do país após o crime

O homem acusado de ter assassinado a mulher e o companheiro desta há cerca de um ano, em Sangalhos, Anadia, contactou o antigo patrão, depois de ter praticado o crime, a pedir-lhe para ir trabalhar para o estrangeiro.

Suspeito do duplo homicídio de Sangalhos quis sair do país após o crime
Notícias ao Minuto

17:50 - 14/09/16 por Lusa

País Anadia

A informação foi dada precisamente pelo ex-patrão do arguido, que prestou depoimento enquanto testemunha na primeira sessão do julgamento, que decorreu hoje no Tribunal de Aveiro.

Perante o coletivo de juízes, o empresário disse que se encontrou com o presumível homicida na fábrica, a pedido deste, no dia do crime, e que aquele lhe teria dito que queria trabalhar no estrangeiro.

Depois de ver a notícia do duplo homicídio, a testemunha confrontou o arguido com essa situação, e ele admitiu que "tinha feito uma asneira", tendo afirmado que "não ia para a cadeia e que queria matar-se".

No entanto, o empresário acabou por convencer o arguido a entregar-se às autoridades, tendo-o transportado a casa do cunhado, em Aveiro.

Negou ainda que o arguido lhe tenha pedido um período de férias para preparar e executar os crimes, tal como refere a acusação do Ministério Público (MP). "Ele entrou de férias, porque a empresa fechou para férias", afirmou.

Questionado pela defesa, disse ter conhecimento que o arguido encontrava-se numa situação económica difícil, tendo aparecido "várias penhoras" na empresa, e contou que um dia foi encontrado pelos colegas a chorar, porque não tinha o que comer.

Durante a audiência da parte da manhã, o coletivo de juízes ouviu dois irmãos da mulher que disseram ter tido conhecimento que esta estava a divorciar-se do arguido e que já estaria a viver com outra pessoa.

"Eles pegavam-se os dois", disse um dos irmãos, adiantando ter assistido a vários episódios de violência doméstica, apesar de não ter tido conhecimento de nenhuma queixa.

O tribunal ouviu ainda um cunhado do presumível homicida que disse ter recebido um telefonema daquele, no dia do crime, a dizer que tinha matado a mulher e a perguntar-lhe se ficava com o filho.

A testemunha contou que após o telefonema deslocou-se a casa do arguido, em Oliveira do Bairro, e o menor já estava à sua espera. Disse ainda ter ficado surpreendido quando o acusado lhe apareceu no mesmo dia, juntamente com o patrão, em Aveiro, a dizer que se ia entregar à polícia.

"Ele estava cabisbaixo. Se calhar, já estava arrependido do que tinha feito", adiantou, relatando que levou o alegado homicida a uma advogada que o conduziu depois à PSP.

O arguido, que optou por remeter-se ao silêncio, na primeira sessão do julgamento, está acusado de dois crimes de homicídio qualificado.

Os factos ocorreram na manhã do dia 20 de agosto de 2015, na residência das vítimas, em Sangalhos, Anadia.

Segundo a acusação do MP, o arguido esfaqueou a mulher, de 41 anos, e o companheiro desta, de 43 anos, e abandonou o local.

Alertados pelos vizinhos, as autoridades chegaram ao local e encontraram as vítimas já sem vida.

Poucas horas após ter praticado o crime, o suspeito entregou-se voluntariamente na esquadra da PSP de Aveiro, que o entregou à Polícia Judiciária.

A acusação refere que o arguido pediu um período de férias ao seu patrão para preparar e executar os crimes, nomeadamente apurar as rotinas diárias das vítimas, tendo agido com "especial censurabilidade ou perversidade".

De acordo com os investigadores, o suspeito desenvolveu um "ódio profundo" pelas vítimas, por não se conformar com a separação do casal, nem com o facto de a mulher, com quem tem um filho menor, ter entretanto iniciado uma nova relação amorosa.

Estes sentimentos ter-se-ão agravado, pois a mulher tinha a intenção de se divorciar para poder estar livre na sua nova relação e porquanto se encontrava em execução a partilha de herança do pai da vítima.

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