O porta-voz da comissão, Rui Crespo, afirma que esta é mais uma iniciativa para "chamar a atenção de todas as autoridades ambientais, governamentais e autárquicas" e "da população, para o crime ambiental que é praticado pelas suiniculturas do concelho de Leiria e vizinhos, com as descargas permanentes dos efluentes para Bacia Hidrográfica do Lis".

"Será uma caminhada muito pacífica, nada politizada, onde todos estão convidados. Sabemos que esta não é a melhor época do ano, mas queremos demonstrar que a comissão continua viva e pretende ir ao encontro de uma solução para a Bacia Hidrográfica do Lis", afirmou à Lusa Rui Crespo, salientando que é mais uma ação para "pressionar" os poderes "políticos central e local" para aquilo que é "um verdadeiro atentado à natureza".

Rui Crespo recordou ainda que a construção de uma estação de tratamento de efluentes suinícolas (ETES) "não é uma solução".

"Temos de tentar desmontar uma mentira que está montada com a conivência do poder local, principalmente, e do central, por desconhecimento da matéria. A construção de uma ETES teria de ter uma dimensão adequada à produção de efluentes", alertou.

Segundo o porta-voz da comissão, a capacidade máxima é de 900 metros cúbicos (m3) por dia, "quando é sabido que os valores médios de capacidade de tratamento serão abaixo disso".

A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) Norte, no Coimbrão, no concelho de Leiria, "possui uma média de tratamento de 84 m3 por dia, segundos os últimos dados anunciados".

Numa situação "excecional poderá chegar aos 280m3, segundo refere Rui Crespo, que questiona o que vai ser feito aos "restantes 1200/1500 m3" de efluentes.

O porta-voz questiona ainda se "numa altura que se prevê um aumento de efluentes vão reduzir a capacidade da ETES".

Além disso, acrescenta, "o pagador deveria ser o poluidor e não todos os outros a pagar os efluentes, que são uma consequência da atividade".

Num comunicado, a comissão alerta que a Bacia Hidrográfica do Lis é alvo de "frequentes práticas ilegais de descarga de resíduos suinícolas poluentes, o que exerce uma elevada pressão ambiental com elevados danos ecológicos e com riscos para a saúde pública".

"Trata-se de fezes, urina, restos de alimentação animal, resíduos resultantes da lavagem e limpeza de infraestruturas e, por vezes, até de animais mortos, que direta ou indiretamente desaguam nas linhas de água, nas margens do rio e na Praia da Vieira, onde muitos cidadãos se banham diariamente. Mais de dois milhões de litros por dia de resíduos são descarregados em toda a bacia hidrográfica e não há infraestruturas capazes de tratar este volume", lê-se ainda na nota de imprensa.

A concentração está agendada para as 10h00, junto à foz do rio Lis, percorrendo as margens do rio Lis, com regresso pelo margem oposta, o que demorará cerca de uma hora.