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Funchal: "Perdemos tudo. Vou fugir daqui". Um relato do desespero

A situação que se vive na Madeira é dramática. Dezenas de casas foram destruídas pelas chamas que ontem chegaram ao centro da cidade. Há centenas de desalojados, três vítimas mortais e avultados danos materiais a registar.

Funchal: "Perdemos tudo. Vou fugir daqui". Um relato do desespero
Notícias ao Minuto

14:55 - 10/08/16 por Patrícia Martins Carvalho

País Reportagem

As pessoas estão assustadas”. É desta forma que Vanessa Canarim, uma jovem de 29 anos que vive atualmente em Machico, na Madeira, descreve ao Notícias ao Minuto o ambiente que se vive na ilha.

Há histórias dramáticas de pessoas que ficaram sem nada, apenas com a roupa que traziam no corpo no momento em que as chamas se aproximaram das casas e as destruíram.

“Uma colega minha recebeu uma chamada do marido, ontem [terça-feira] cerca das 18h00, e ele estava em pânico”, começou por dizer Vanessa, contando o drama que a amiga viveu durante várias horas.

“Eles têm uma fazenda onde vivem com os quatro filhos e com os pais dela. Quando o marido ligou estava muito assustado porque as chamas estavam a aproximar-se perigosamente do terreno deles. ‘Perdemos tudo. Vou fugir daqui’, disse-lhe ele”, contou a jovem que é natural do Montijo.

Os momentos seguintes foram de desespero. Como se não fosse o suficiente o susto provocado pela proximidade das chamas que colocava em risco a habitação e todos os esforços de uma vida, a colega de Vanessa tinha ainda o pai hospitalizado que se havia sentido mal com o susto provocado pelo caos dos incêndios logo de manhã.

Hoje, quando Vanessa Canarim falou com o Notícias ao Minuto, a amiga ainda não tinha notícias do pai pois com a evacuação do Hospital Dr. João de Almada estão várias pessoas hospitalizadas na mesma unidade hospitalar e “ninguém atende os telefones”.

“Ela foi lá, mas não foram permitidas visitas”, acrescentou.

Aos 40 anos, esta mulher esteve perto de perder tudo, mas felizmente, as chamas acabaram por não atingir a habitação.

Foi por pouco.

Vanessa vive em Machico, longe do inferno das chamas. A sua casa não corre perigo e o local onde trabalha, o Aeroporto da Madeira - Cristiano Ronaldo, também não. Mas ainda assim sente o desespero das pessoas com quem trabalha diariamente.

Se à amiga de 40 anos as chamas não causaram danos materiais, o mesmo não pode dizer outro colega de Vanessa. O fogo destruiu por completo o primeiro andar da moradia onde vive em Santo António. O rés do chão resistiu às chamas e está habitável.

As pessoas estão assustadas, receosas e não acreditam quando as autoridades lhes dizem que está tudo controlado.

Apesar do caos, a cidade continua a funcionar. Os transportes públicos, contou Vanessa, vão “passando”, embora ontem tivesse sido problemático pois havia estradas cortadas, incluindo a única via rápida local.

Agora é hora de pensar em recomeçar tudo com algumas pessoas a terem de o fazer a partir do zero.

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