Santos Silva diz que nenhuma guerra pode fundar-se numa mentira
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu hoje que nenhuma intervenção militar pode fundar-se numa mentira e deve ser sempre "o último dos últimos recursos", no que disse ser lições da guerra no Iraque.
© Global Imagens
País Intervenção
O ministro, que foi hoje ouvido na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portugueses, foi questionado pelo PS, PCP e Bloco de Esquerda sobre a guerra no Iraque, na sequência da divulgação do relatório Chilcot, sobre o envolvimento do Reino Unido na guerra do Iraque de 2003, nomeadamente sobre o papel de Portugal, que acolheu nas Lajes uma cimeira com os primeiros-ministros português, espanhol e britânico e o Presidente norte-americano, que desencadeou a intervenção.
Santos Silva destacou que o episódio deixou algumas lições, desde logo que "é ilegítimo e completamente absurdo querer usar o meio da confrontação militar para mudar um regime".
Por outro lado, "a guerra é o último dos últimos recursos" e "antes de estarem esgotadas todas as iniciativas políticas, diplomáticas ou de natureza económica, como sanções, não devemos equacionar uma intervenção de natureza militar", apontou.
Outra lição é que "não se pode fundar uma intervenção militar numa atitude que, para todos os efeitos práticos, é uma mentira", numa referência ao desmentido da posse de armas de destruição em massa pelo então regime iraquiano de Saddam Hussein, principal argumento para a intervenção internacional no Iraque.
Santos Silva recordou ainda que era deputado, pelo PS, na altura destes acontecimentos, que provocaram, pela primeira vez, "uma fratura muito dura e muito agreste" na política externa portuguesa.
"Colocou em lados opostos o então Governo [liderado por Durão Barroso] e o então Presidente da República [Jorge Sampaio] e dividiu o parlamento português como nunca antes em decisões de fundo em matéria de política externa", disse.
Esta é, sublinhou, outra lição a retirar: "Ficámos enfraquecidos do ponto de vista da nossa força internacional por causa dessa fratura que perturbou a solidez da maneira como internamente fazemos as nossas opções básicas em matéria de política externa e devemos evitar qualquer outra fratura", disse, garantindo que faz "todos os possíveis" para não repetir um momento como este.
O parlamento português aprovou a audição do antigo Presidente Jorge Sampaio, do ex-primeiro-ministro Durão Barroso e dos ministros da Defesa, Paulo Portas, e dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, sobre as conclusões do relatório Chilcot.
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