"A saúde mental dos portugueses é, de um modo geral, má"

Depressão, ansiedade e dificuldade no acesso aos tratamentos. A saúde mental dos portugueses é má e há ainda um longo caminho a percorrer. Quem o diz é o psicólogo clínico Américo Baptista, que esteve à conversa com o Notícias ao Minuto.

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Daniela Costa Teixeira
28/05/2016 08:45 ‧ 28/05/2016 por Daniela Costa Teixeira

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Américo Baptista

Quando os estudos são feitos internacionalmente, de algum modo, os portugueses ainda têm pior saúde mental”. É desta forma que o psicólogo clínico Américo Baptista fala da saúde mental em Portugal.

No seu mais recente livro, ‘O Futuro da Psicoterapia – O que todos deviam saber sobre os tratamentos psicológicos’ (Pergaminho, abril 2016), o especialista fala da evolução e importância das terapêuticas psicológicas no tratamento da saúde mental das pessoas, embora defenda que “há todo um caminho muito grande a percorrer até levar os tratamentos psicológicos a todos”.

Em conversa com o Notícias ao Minuto, o professor Américo Baptista diz que “a perturbação mental com maior incidência em Portugal é a ansiedade”, incluindo aqui “perturbações ansiosas como as fobias e o pânico”.

“À volta de 25% dos portugueses têm uma perturbação do ponto de vista da ansiedade”, continua o especialista, salientando que “a segunda perturbação mais prevalente é a depressão”, com “uma em quatro pessoas” a padecerem desta condição mental (20%).

“A saúde mental dos portugueses é, de um modo geral, má. Este é o retrato da saúde mental em Portugal”, afirma o especialista.

Como lhe revelámos aqui, numa primeira parte da entrevista com Américo Baptista, as pessoas têm consciência de que algo não está bem a nível mental, mas o diagnóstico nem sempre é fácil ou concreto.

“As pessoas sabem que sofrem, só não sabem do quê. Isto é a mesma coisa nas doenças mentais ou nos problemas de saúde, a pessoa sofre, mas está na mão do médico fazer o diagnóstico”, explica o professor, não deixando de salientar que “as pessoas têm de ser adequadamente diagnosticadas”.

“No meu livro, uma questão que eu abordo é que os tratamentos psicológicos não estão disponíveis para toda a gente e, na verdade, uma das mensagens é que provavelmente no futuro estes tratamentos estejam disponíveis no SNS e que sejam aplicados a quem na realidade necessita deles”, frisa o psicólogo.

Para o também docente na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, a “vantagem” de alargar os tratamentos psicológicos ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) “é enorme”.

“Na maior parte das doenças, os custos do tratamento estão relacionados diretamente com o tratamento, nós dizemos que são custos diretos. Nas doenças mentais, a maior parte dos custos são indiretos, quer isto dizer que as pessoas com problemas de ansiedade e depressão faltam muito ao trabalho, quando estão a trabalhar têm um mau rendimento, põem baixas sucessivas, reformam-se precocemente, por isso, a existência de psicoterapias nos cuidados de saúde primários faria com que, na verdade, a nossa sociedade poupasse muito dinheiro. Pode até parecer uma brincadeira, mas aquilo que se diz é que os aspetos económicos da nossa sociedade melhoravam se estes tratamentos estivessem disponíveis para toda a gente”, conclui.

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