Os números reportam-se ao período desde janeiro até ao dia de hoje, estão em média com os registados no ano passado (118) e referem-se, essencialmente, à área geográfica dos concelhos de Belmonte, Covilhã e Fundão.

Entre os dados - avançados hoje pela presidente da Coolabora, Graça Rojão, numa conferência de imprensa realizada no âmbito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Doméstica - ressalta o facto de a maioria das vítimas (89,4%) serem mulheres.

Graça Rojão recordou que "a violência de género é um atentado contra os Direitos Humanos" e destacou a importância da intervenção que tem sido realizada junto destas vítimas, designadamente através de um trabalho em rede, realizado no âmbito da "Rede Violência Zero", que integra entidades municipais, sociais, hospitalares, policiais, judiciais e escolares.

"A intervenção continua a ser absolutamente fundamental e o trabalho em rede também sido fundamental, nomeadamente para criar confiança nas vítimas. Nós podemos fazer uma parte (atendimento, apoio psicológico, acompanhamento social e informação jurídica), mas se não houver o trabalho todo de conjunto as pessoas ficam numa situação de relativa desproteção", fundamentou.

Lembrando que por trás de cada número há um rosto e uma vida e uma história, Graça Rojão fez um retrato da ação do gabinete ao longo deste ano, explicando que além das 89,4% mulheres apoiadas, o atendimento também abrangeu homens, designadamente 10,6% das vítimas.

Já no que se refere ao agressor, nas mulheres 100% dos casos foram agredidas por homens e nos homens verificou-se que 45% foram agredidos por mulheres e que 55% foram vítimas de outros homens.

Em termos de faixas etárias, 50% das mulheres atendidas têm entre 35 e 54 anos, enquanto 45% dos homens têm mais de 55 anos. Há também casos de jovens até aos 18 anos que foram vítimas, estando este gabinete de apoio a acompanhar três casos.

Nos idosos, o número de vítimas registadas até agora já é de 29 pessoas.

Na estatística deste gabinete de atendimento, verifica-se ainda que em 60% dos casos registados ocorreu violência física e que em 38% estão relacionados com violência psicológica, situações que não podem ser valorizadas de forma diferente já que ambas deixam marcas para a vida, tal como referiu Graça Rojão.

O retrato aponta igualmente que 81% das vítimas ali apoiadas tinham ou tiveram uma relação de intimidade com o agressor e que em 7,5% dos casos esse agressor é um filho.

Nos homens, em 45% dos casos o agressor tem uma relação de intimidade com a vítima.

Em termos territoriais, a estatística também refere que 74% dos casos se registaram na Covilhã, 10% no Fundão, 09% em Belmonte e 07% em outros concelhos.

Números que no próximo ano poderão ser diferentes, pelo menos no que concerne às vítimas acompanhadas, já que a Coolabora vai implantar um projeto de apoio itinerante à vítima, que foi aprovado no âmbito do Orçamento Participativo da Covilhã.

A Coolabora é uma cooperativa de consultoria e intervenção social em atividade na Covilhã desde 2008 e que intervém em áreas como a igualdade de género, inclusão social e consultoria para instituições de solidariedade social.