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A sua capacidade de 'medir' o tempo vem daqui

Um grupo da Fundação Champalimaud, em Lisboa, decidiu estudar em ratos como é que o cérebro tem a noção da passagem do tempo.

A sua capacidade de 'medir' o tempo vem daqui
Notícias ao Minuto

12:40 - 24/04/15 por Notícias Ao Minuto

País Neurociências

Quando paramos num semáforo que acaba de ficar vermelho, não começamos logo a acelerar. Sabemos que vamos ter de esperar algum tempo até o sinal voltar a ficar verde. Mas, sem darmos conta, passados uns instantes, sentimos que está próximo o momento de arrancar e preparamo-nos. De onde vem essa capacidade inata de ‘medir’ a passagem do tempo para saber quando temos de agir? Como é que o nosso cérebro constrói essa perceção temporal?

Apesar de não ser ainda certo, sabe-se que uma região cerebral chamada estriado é sem dúvida um componente central da codificação do tempo ao nível neuronal. Até porque as doenças humanas que afetam as células desta região cerebral, como as doenças de Parkinson ou de Huntington, provocam disfunções da perceção do tempo.

Um grupo da Fundação Champalimaud decidiu estudar em ratos o que se passava nessa região do cérebro, quando os animais eram submetidos a tarefas destinadas a testar a sua noção temporal. Os resultados foram publicados ontem online na revista Current Biology.

Em comunicado da Fundação, um dos autores, Gustavo Mello, explica a experiência que realizaram: “Os ratos tinham de pressionar uma alavanca para receber uma recompensa (água) que só estava disponível periodicamente”. Por exemplo, 30 segundos após a última recompensa recebida. Enquanto os animais realizavam a tarefa, os cientistas mediam, em tempo real, a actividade de uma população de neurónios do seu estriado.

Constataram que os ratos só carregavam na alavanca quando tinha passado tempo suficiente para que se pudesse esperar uma nova recompensa. Mesmo quando os cientistas fizeram mudanças na periodicidade das recompensas, estes alteravam o seu comportamento para se adaptarem aos diferentes tempos de espera.

Os cientistas observaram que a codificação do tempo resultava de uma actividade neuronal conjunta, distribuída por uma população de neurónios. O tempo era representado como uma ‘onda’ de actividade em que grupos destes neurónios se ativam em sucessão.

Os resultados indicam, como cita o jornal Público, que o tempo no cérebro é “algo relativo, e não absoluto, uma vez que é medido como um ponto dentro de um intervalo e não como uma unidade, como o segundo ou a hora”, explica Gustavo Mello.

Outro elemento desta equipa, Joe Paton, explica, em declarações à mesma publicação, que a seguir a equipa tenciona identificar o mecanismo que produz estas ‘ondas’ de actividade neuronal que codificam o tempo, bem como o mecanismo que permite ao cérebro ‘ler’ essa informação temporal – duas coisas acerca das quais o grupo ainda não sabe “nada”.

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