Perigo de algumas narrativas sobre migrantes é a "desumanização"

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) admitiu hoje que o perigo de algumas narrativas sobre migrantes, especialmente nas redes sociais, é a desumanização, defendendo o envolvimento da sociedade numa onda de empatia.

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Lusa
11/08/2025 14:58 ‧ há 2 horas por Lusa

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"Há que deixar cair o preconceito, há que enfrentar o preconceito e olhar as pessoas como pessoas, não desumanizar, porque o perigo de algumas narrativas que se encontram, nomeadamente nas redes sociais, é esta desumanização ou, então, acharmos que há um privilégio de umas pessoas sobre as outras", afirmou Eugénia Quaresma à agência Lusa.

 

A responsável da OCPM, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa criado em 1962, falava no âmbito da peregrinação nacional do migrante e do refugiado ao Santuário de Fátima, integrada na peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de agosto, que começa na terça-feira.

Eugénia Quaresma considerou ser importante que "se perceba que as pessoas não podem dizer tudo, nem de qualquer forma".

"Temos de educar a narrativa e muito a partir dos factos e muito a partir das relações de proximidade", preconizou.

Segundo a diretora da OCPM, quando se conhecem as pessoas "muitos preconceitos caem", pois, "as pessoas passam a ter nome, passam a ter uma cultura, passam a ser amigas, é o vizinho".

Para esta responsável, chamar as pessoas pelo seu nome, conhecer-se a sua família ou a sua história leva "a um outro tratamento".

"Está na altura de envolvermos, novamente, a sociedade nesta onda de empatia, de reaprendizagem da escuta, da escuta do outro, de troca de histórias, porque se calhar temos experiências muito parecidas, se formos olhar bem", adiantou, destacando que é juntos que se constrói a justiça e não em oposição.

A peregrinação tem o tema "Migrantes, missionários da esperança", o título da mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que se assinala em outubro.

As celebrações em Fátima, o momento mais aguardado da 53.ª Semana Nacional de Migrações, que começou no dia 10 e termina no próximo domingo, são presididas por Joan-Enric Vives i Sicília, arcebispo emérito de Urgel, Espanha.

Para Eugénia Quaresma, este é tempo para se olhar para as causas das migrações e para o bem, "para o potencial evangelizador" e "o testemunho de fé que os migrantes dão", pois "é um grande ato de fé sair do seu país de origem e procurar, noutras paragens, uma vida melhor".

"Os migrantes são aquelas pessoas que nos recordam que este planeta Terra é a nossa casa comum. Podemos nascer num espaço, num determinado contexto, mas temos uma imensidão com a qual nos podemos identificar, com a qual podemos sentir, com a qual nos podemos realizar", prosseguiu.

De acordo com a responsável da Obra Católica, "os migrantes são estes protagonistas que lutam pela vida, em primeiro lugar", e que depois vêm para "ajudar a construir, não só a sociedade, mas, de modo muito particular, para as comunidades cristãs", ajudar "a ser mais Igreja".

Leia Também: Migrantes que chegaram ao Algarve distribuídos pelos 4 centros do país

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