O vice-presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Proteção Civi (AsproCivil), Jorge Silva, disse esta segunda-feira, 11 de julho, na CNN Portugal, que "há qualquer coisa no planeamento que não está a correr muito bem", uma vez que não há nenhum incêndio com mais de 700 bombeiros no teatro de operações, apesar de "a Liga dos Bombeiros dizer que consegue ter disponibilidade de quase 20 mil bombeiros" na época de incêndios.
O responsável respondia às críticas do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, que ontem, no mesmo canal de televisão teceu críticas à Proteção Civil, por este ser o "único organismo a tratar desta distribuição de meios".
"Temos de analisar aquilo que está planeado e aquilo que está no terreno. No planeamento estariam 11.200 operacionais bombeiros para o país inteiro nesta época de incêndios, podendo ser reforçados até aos 15 mil. A Liga dos Bombeiros diz que consegue ter disponibilidade de quase 20 mil bombeiros mas nenhum dos incêndios até agora conseguiu ter mais de 700, 700 e poucos bombeiros", atirou Jorge Silva, realçando que "há qualquer coisa aqui no planeamento que não está a correr muito bem".
"Ou não temos realmente o número de bombeiros descrito no planeamento ou há qualquer coisa aqui nos comandos regionais não estão a convocar corretamente os operacionais", suspeita, acrescentando que, para já, "não se sabe quem está a falhar", mas que isso tem de ser avaliado.
"No ano passado, na Serra da Estrela conseguimos ter 4 mil homens, quase 5 mil homens num incêndio. Este ano, com incêndios tão gravosos e dramáticos a acontecer nos últimos dias, uns atrás dos outros, e temos no máximo 700 homens a tentar dominá-los. Algo se passa", atirou.
Sobre a falta de meios aéreos, o vice-presidente da AsproCivil recusou que esse seja o principal problema do combate aos fogos, como alguns fazem crer.
"Estamos sempre a falar da falta de meios aéreos mas temos de ver que os meios aéreos são finitos e não são a chave da solução. São sim uma mais valia, mas são o único meio. Já lidamos com incêndios graves sem meios aéreos e conseguimos dominá-los", atirou.
Sobre o facto destes só começarem a operar às 9h, apesar do sol nascer antes disso, Jorge Silva explicou que "tem a ver com a incidência de sol e de luz, que não lhe tape a visão caso tenha a necessidade de fazer uma manobra brusca de saída ou entrada num incêndio".
Recorde-se que Portugal está a ser assolado há vários dias por diferentes incêndios em vários pontos de Portugal, principalmente, no Norte do país.
Neste momento há três fogos mais preocupantes: Trancoso, Covilhã e Tabuaço. São mais de 2 mil os bombeiros no teatro de operações e cerca de uma dezena de meios aéreos.
Recorde-se que Portugal está em situação de alerta devido ao agravamento das previsões meteorológicas, que apontam para uma subida das temperaturas esta segunda-feira e um risco significativo de incêndio rural. Só a partir de dia 13 se prevê a descida das temperaturas.
Durante este período é proibido o acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, de acordo com os planos municipais de defesa da floresta contra incêndios, bem como a realização de queimas e queimadas, ficando igualmente suspensas as autorizações emitidas para esse período.
A situação de alerta implica também proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais e rurais com o recurso a maquinaria e o uso de fogo-de-artifício e outros artefactos pirotécnicos. Neste caso, também as autorizações já emitidas ficam suspensas.
Leia Também: Fogos mobilizam 2 mil bombeiros e 8 aviões. Trancoso é o mais preocupante