"Mudamos já, de alguma forma, hoje e ajustamos à nova realidade nacional e internacional as provas de seleção. Mas queremos também que, relativamente às condições de admissão, que haja aqui - comparativamente ao que se faz Espanha, França, Austrália e noutros países - alguma padronização para que também as pessoas na sociedade que têm outro perfil social possam concorrer à PSP", afirmou aos jornalistas Luís Carrilho, à margem das comemorações do 87º aniversário da Polícia Municipal do Porto.
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública falava a propósito do novo concurso de agentes da PSP que terá 633 elementos, apesar de terem sido abertas 800 vagas.
A este concurso tinham concorrido 3.392 candidatos, o que significa que reprovaram 2.759.
Questionado pelos jornalistas sobre a atratividade da profissão, Luís Carrilho garantiu que a PSP está "em grande movimentação" para que no futuro tenha "pessoal sempre preparado e em número suficiente" para corresponder às necessidades da sociedade e ressalvou que "a polícia evolui como evoluem os outros setores da sociedade".
"Acabamos de fazer este processo de recrutamento, onde preenchemos 633 vagas, mas vamos começar já outro processo de recrutamento para o futuro", acrescentou.
O diretor da PSP considerou ainda que, em termos de carreira, esta força policial "tem uma grande dignidade funcional" e que quem concorre à PSP "tem uma possibilidade de escolher um carreira de futuro, seja ao nível de agente, chefe, oficial ou até noutras áreas técnicas".
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, disse na quinta-feira à Lusa que os números do novo concurso de agentes demonstram a falta de atratividade na polícia, que "está a comprometer o serviço operacional" e afetar as saídas dos polícias que já atingiram a idade para a pré-reforma.
Para Paulo Santos, os critérios para a admissão de novos agentes foram alterados, como a idade, mas a resposta "para falta de atratividade não tem a ver com o critério idade".
O sindicalista considerou que o número reduzido de candidatos à PSP tem a ver com a imagem da PSP, uma instituição sem condições de trabalho e salários baixos.
"O salário de polícia ainda é muito baixo para a especificidade da profissão e exigência do serviço", disse, frisando que nos últimos anos a PSP não consegue preencher as vagas previstas.
Também o Sindicato Independente dos Agentes de Polícia (SIAP) alertou para a escassez de novos agentes ao serviço da PSP, considerando os 633 candidatos admitidos "um número significativamente abaixo do necessário e sintomático de um problema muito mais profundo".
"Este resultado deve ser lido como um sério sinal de alarme sobre a forma como a carreira policial está a ser percecionada pelos jovens. A falta de atratividade da profissão é agora impossível de ignorar. E o mais grave é que nem com o aligeiramento dos critérios de admissão --- uma tentativa desesperada de aumentar o número de candidatos --- se conseguiu preencher as vagas disponíveis. Este afastamento dos jovens da PSP prende-se diretamente com as possibilidades oferecidas: as condições salariais são modestas para a exigência e o risco da função. A progressão na carreira é lenta e muitas vezes desmotivadora", refere ainda o SIAP.
Este mês termina um novo curso de agentes, que foi inicialmente programado para 600 vagas, mas acabou por abrir com 500 e termina com 459 polícias, tendo já desistido 41.
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