A funcionar desde 1 de junho de 2024, a Linha SNS Grávida - uma extensão da Linha SNS 24 - realizou, até ao passado domingo, cerca de 172 mil triagens, referem os dados da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS).
Integrado no modelo de organização das urgências obstétricas e ginecológica que entrou em vigor em 16 de dezembro de 2024, o projeto SNS Grávida/Ginecologia tem "como objetivo prioritário a diferenciação entre situações clínicas urgentes e não urgentes, com base na sua gravidade".
"Nos casos de menor gravidade clínica - correspondentes a triagens com pulseira azul ou verde - a resposta pode ser assegurada através de consultas nos cuidados de saúde primários ou, quando necessário, em consultas de especialidade hospitalar, evitando assim uma afluência desnecessária às urgências hospitalares", salienta a DE-SNS no balanço feito à Lusa.
Aponta como uma das vantagens deste modelo "a possibilidade de as utentes serem acompanhadas em contexto de proximidade, nomeadamente nos cuidados de saúde primários, o que contribui para uma maior comodidade, satisfação e continuidade dos cuidados, alinhando-se com os princípios de qualidade e humanização do SNS".
Desde que se iniciou este modelo das urgências obstétricas e ginecológicas, foram realizadas mais de 107 mil triagens a utentes grávidas ou com queixas ginecológicas.
Destas, cerca de 74.100 utentes foram encaminhadas para serviço de urgência, cerca de 23.500 para cuidados de saúde primários e cerca de 4.600 foram aconselhadas a ficar em autocuidados.
De acordo com os dados, houve ainda 3.600 utentes que foram encaminhadas para o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e cerca de 1.300 para Consulta Aberta Hospitalar pela Linha SNS Grávida, uma medida do Plano de Emergência e de Transformação da Saúde.
Antes de se dirigirem às urgências das unidades locais de saúde que integram este modelo de organização das urgências obstétricas e ginecológicas, as grávidas têm que ligar para o SNS 24, cujos profissionais de saúde as orientam sobre o que fazer, se é preciso ir à urgência ou se podem ser atendidas noutro local.
Em abril, o presidente da Comissão Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente, Alberto Caldas Afonso, explicou que o objetivo do projeto-piloto SNS Grávida foi dar "uma resposta em tempo útil" às grávidas.
"O profissional que está, neste momento, com a responsabilidade e que teve o seu controlo emocional para gerir o nascimento, deixou de ter 25% de situações que estavam à porta, a querer ser atendidas, com listas de espera que aumentavam e que, obviamente, desestruturavam o trabalho", afirmou na altura o responsável pelo Plano de Reorganização das Urgências de Obstetrícia e Pediatria.
Segundo Caldas Afonso, o objetivo foi conseguido: "O que importa agora conseguir é melhorar a qualidade da prestação de serviços. Não há razão nenhuma para que todos os hospitais não tenham acesso a este modelo para triagem".
Contudo, esta medida gerou críticas da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto (APDMGP) que denunciou este mês a crescente dificuldade das grávidas em agendar consultas nos cuidados de saúde primários, resultando na falta de exames essenciais durante o primeiro e segundo trimestres.
"Atualmente, em Portugal, as grávidas têm cada vez menos acesso a cuidados de saúde primários", não conseguindo agendar consulta quando descobrem que estão grávidas, referiu a associação em comunicado, salientando que esta é uma das queixas que recebe mais frequentemente.
Numa primeira fase, o projeto-piloto do SNS Grávida abrangeu os hospitais de Santa Maria, São Francisco Xavier, Amadora-Sintra, Loures e Cascais, bem como as unidades de Vila Franca de Xira, Santarém, Abrantes, Caldas da Rainha e Leiria.
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