"Após três meses de negociações, a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) volta a propor salários mínimos para trabalhadores de exigência máxima. Por isso, voltamos à rua", refere o comunicado do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal(Cesp) no qual é anunciada a paralisação.
A coordenadora do Cesp, Ana Paula Quintela, disse hoje à Lusa que trabalham 200.000 pessoas nas IPSS e que nas negociações foram feitas "propostas de salários mínimos ou pouco mais do que isso".
A dirigente considerou que os trabalhadores se queixam de serem vistos como trabalhadores de pouca importância pela CNIS e pelo governo.
O sindicato referiu outras exigências como "a semana das 35 horas de trabalho para todos" e o "direito à conciliação dos horários de trabalho com a vida familiar"
A responsável apontou que os horários dos profissionais oscilam entre as 40 e 37 horas semanais.
Os trabalhadores lutam ainda pelo complemento do trabalho aos domingos, sublinhado que a renumeração ao domingo é paga como se fosse um dia da semana, segundo a coordenadora.
Ana Paula Quintela afirmou que os feriados também são pagos como se fossem um dia normal.
As principais dificuldades dos trabalhadores são os baixos salários, os horários desregulados e o trabalho nos feriados não ser reconhecido nem ser pago, assinalou a dirigente.
"A rotação de escalas [horários], causa-lhes grande desgaste físico e psicológico", indicou Ana Paula Quintela, referindo-se aos funcionários.
A valorização das carreiras e profissões dos trabalhadores das IPSS também é uma das revindicações e o fim da discriminação salarial dos educadores de infância, nas creches, também fazem parte da lista de exigências.
O sindicato espera ganhar visibilidade com a greve e uma manifestação, perante as entidades que são responsáveis pelas "condições de trabalho dos funcionários", segundo a coordenadora.
A dirigente referiu que os trabalhadores de apoio que prestam cuidados diretamente ao utente também recebem o salário mínimo, sublinhando que os funcionários de apoio representam um grande número no setor, ou seja, ajudantes de ação direta, auxiliares de ação educativa, trabalhadores de serviços gerais.
A manifestação começa às 11:00 na Estação de S. Bento, no distrito do Porto, indica a nota.
As IPSS são instituições constituídas por organismos particulares, sem fins lucrativos e que não sejam administradas pelo Estado para dar apoio a crianças, jovens, idosos e famílias, em questões como saúde, educação, formação profissional e habitação, sendo que a CNIS é a organização confederada das IPSS.
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