Perante o silêncio dos responsáveis pelo 'chatGPT português', o sindicato, através de uma nota informativa no seu 'site', refere que "no estrangeiro são conhecidas disputas judiciais entre publicações noticiosas e empresas tecnológicas privadas pelo uso indevido de trabalhos jornalísticos para treinar os modelos de inteligência artificial (IA)".
O SJ diz ter "presente o dano causado pelas grandes empresas tecnológicas à sustentabilidade do jornalismo", que agora estão a usar trabalhos jornalísticos para construir modelos de linguagem que alimentam os seus negócios globais.
Neste sentido, o Sindicato dos Jornalistas afirma não poder aceitar que um LLM português, com financiamento público, "cometa os mesmos pecados, ignorando a lei dos direitos de autor".
Mediante as tentativas de contacto do SJ "para conversar sobre o chamado 'ChatGPT português' só chegou silêncio da parte dos responsáveis universitários", algo que o sindicato considera estranho, pois os responsáveis já afirmaram publicamente que o modelo de IA já está em fase de testes, prevendo-se o seu lançamento para o próximo ano.
"Lamentamos que não tenham mostrado interesse em ouvir os representantes legais dos jornalistas e de se inteirarem das propostas do SJ, que pediu reuniões tanto a João Magalhães [Universidade Nova de Lisboa] como a outro responsável pelo projeto, o investigador do Instituto Superior Técnico André Martins", refere a informação divulgada.
O sindicato menciona ser essencial entender se, para o treino da nova ferramenta de IA, a utilização do arquivo da Fundação para a Ciência e Tecnologia está a ter em conta os direitos de autor dos jornalistas, ao aceder a informação de meios de comunicação.
"Importa ainda perceber como operará este modelo no recurso e referência a conteúdos jornalísticos, que vêm sendo canibalizados sem atribuição por inteligências artificiais", afirma o SJ.
Para o sindicato, o desenvolvimento de um LLM é uma opção que só faz sentido se aportar, mais do que uma língua, qualidade e rigor, o que só se consegue com acesso a dados de qualidade.
O 'chatbot' Amália (assistente virtual que usa inteligência artificial e programação para comunicar por texto com utilizadores) está a ser desenvolvido por cinco instituições de ensino superior e conta com um investimento de 5,5 milhões de euros do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).
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