O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, justificou o silêncio dos últimos dias, desde o apagão de segunda-feira, com o facto de coincidir com a "campanha eleitoral" e o "último debate", entre Montenegro e Pedro Nuno Santos.
"Uma intervenção tinha o melindre de ser em campanha eleitoral e na véspera de um debate, o último, entre o primeiro-ministro e Pedro Nuno Santos, em que era inevitável que a matéria fosse tratada. Entretanto, o primeiro-ministro anunciou que, além da auditoria europeia que solicitou, tomava a iniciativa de constituir uma comissão técnica independente, em que houve apenas divergências com o momento, mas ninguém discordou. Entendi, por bom senso, que fazia sentido não estar a comentar durante estes acontecimentos e esperar pelas conclusões da comissão técnica independente", explicou Marcelo aos jornalistas, esta sexta-feira, durante uma visita ao Quartel da Pontinha.
Questionado sobre a forma como o Governo comunicou durante o apagão, Marcelo afirmou apenas que a "comissão técnica dirá", ressalvando que o fenómeno "nunca tinha acontecido, era a primeira vez".
"O próprio Governo e as oposições reconheceram que houve vários aspetos, durante aquele dia, que colocavam questões novas e que tinham de ser ponderadas. Vou enumerar algumas: a causa, que ainda desconhecemos; o porquê da forma de projeção instantânea, tal como se deu no país vizinho; o porquê de o arranque tão lento de uma das centrais, nomeadamente Castelo de Bode", referiu o Presidente da República.
Presidente reconhece que "houve problemas de comunicação"
O chefe de Estado considera que "correu bem" no que toca a "danos pessoais" e no facto de o período ser energia ter sido "menos longo do que no país vizinho", mas admitiu que "houve problemas de comunicação".
"O próprio Governo reconheceu que o SIRESP conheceu momentos de não funcionamento. Vamos aprender muito com a comissão técnica independente. Espera-se que esta não exija um período não muito longo", afirmou.
Marcelo garantiu ainda ter acompanhado o apagão em "permanente" contacto com o Governo e considera que "o plano ficou definido muito cedo".
"Quando acontecem estas situações descobrem-se um conjunto de vulnerabilidades que é preciso prevenir para o futuro. Há um tempo perdido a perceber o que se passou na causa e de como essa causa se propagou para Portugal. A grande lição é a preparação para o futuro", acrescentou.
[Notícia atualizada às 15h20]
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