"Não é aceitável que, perante mais um caso que levanta sérias dúvidas sobre a gestão pública, se tente sacudir responsabilidades com insinuações ou silêncios. Quando está em causa a gestão de uma empresa, maioritariamente detida pela Câmara de Oeiras, é legítimo que se exija transparência, explicações claras e, acima de tudo, responsabilidade política", disse a candidata nas suas redes sociais.
A candidata socialista realçou que, "infelizmente, esta não é uma situação nova" e que "quem está há décadas no poder não pode continuar a fingir surpresa sempre que surgem suspeitas".
"Uma vez mais, o nome de #Oeiras surge associado a investigações por suspeitas de corrupção. Oeiras e os oeirenses, assim como os seus trabalhadores, não merecem este rótulo, não têm de carregar este fardo, nem ver o seu município envolvido em alegadas más práticas na gestão dos recursos públicos, que pertencem a todos", declarou a ex-deputada do PS e antiga secretária de Estado da Inclusão.
Ana Sofia Antunes destacou ainda os "histórico de casos que têm envolvido o município, com suspeitas de crimes tão graves como corrupção, prevaricação ou participação económica em negócio, contribuindo para a degradação da confiança e para o descrédito da política autárquica junto dos cidadãos".
"Confio na atuação da Justiça e faço votos para que o processo decorra com celeridade, apurando responsabilidades de forma rigorosa e imparcial. É essencial que esta situação não condicione o funcionamento normal da autarquia, nem prejudique os projetos e serviços que são fundamentais para a vida da comunidade", disse.
"O futuro de Oeiras deve ser construído com transparência, responsabilidade e respeito pelos interesses públicos --- e é esse o compromisso que assumo com os oeirenses", acrescentou.
A Polícia Judiciária (PJ) realizou na quinta-feira buscas nas câmaras de Oeiras (Lisboa) e Grândola (Setúbal) e em empresas do setor turístico, por alegada prevaricação ou corrupção, participação económica em negócio e abuso de poderes e violação de regras urbanísticas.
As buscas estão relacionadas com a investigação "a eventuais crimes de prevaricação, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio e abuso de poderes e violação de regras urbanísticas", lê-se num comunicado.
"Estas diligências visaram a recolha de elementos documentais, com vista ao desenvolvimento e conclusão, tão breve quanto possível, das investigações em curso", acrescentou a PJ.
O presidente da Câmara de Oeiras afirmou aos jornalistas que as buscas da PJ realizadas na autarquia se referem a negócios entre a empresa municipal Municípia e o Governo de Moçambique relativos a trabalhos de cartografia e cadastro em Nampula, e "relativamente aos quais houve notícias, há dois anos, sobre eventuais ilegalidades na gestão da empresa".
Segundo o autarca, na sequência dessas notícias e também de denúncias sobre eventuais ilegalidades que chegaram à Câmara de Oeiras, a própria autarquia "promoveu uma auditoria externa, que foi apresentada à Câmara e à Assembleia Municipal" há cerca de meio ano.
A auditoria, de acordo com o autarca, concluiu "que, havendo algumas irregularidades formais", mas, "sob ponto de vista substancial, não havia qualquer ilegalidade".
Já a estação televisiva CNN divulgou a realização de buscas ao município de Grândola por violação de regras urbanísticas na Herdade da Comporta.
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