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Costa num cargo europeu? Governo não terá "posição negativa"

Na primeira entrevista enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel falou sobre o posicionamento de Portugal quanto à Ucrânia, sobre uma possível ida de António Costa para a Europa e sobre a atual situação política no país.

Costa num cargo europeu? Governo não terá "posição negativa"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, admitiu, esta sexta-feira, que António Costa tem "perfil" para assumir um cargo europeu, assumindo que o Governo não irá apresentar uma "posição negativa" caso o ex-primeiro-ministro venha a ser uma hipótese para as instituições europeias. Contudo, defendeu que é necessária cautela se Portugal quer "ter uma ser uma posição vencedora", destacando que a "descrição é fundamental" nos meandros europeus.

"É evidente que o primeiro-ministro António Costa teve sempre um grande interesse pelos assuntos europeus. Eu acho que esse perfil - não é o único que tem – mas com certeza que tem", disse o governante, em entrevista à CNN Portugal. 

Interrogado sobre se essa possível candidatura a um cargo na Europa iria merecer o apoio do Governo, Rangel garantiu que o Executivo não irá assumir uma posição negativa, mas pediu cautela.

"Essa questão só se vai pôr a seguir as eleições europeias. Não tenho dúvidas de que o Governo português tomará uma posição sobre isso e, com certeza, que não será uma posição negativa", afirmou.

"Acho que devemos cautelosos e prudentes se queremos ter uma ser uma posição vencedora. Porque 'quem entra Papa sai cardeal'. Em defesa da posição de Portugal. e quem conhece bem os meandros europeus - e eu conheço – sabe que descrição é fundamental. E, portanto, como eu estou ao serviço dos interesses de Portugal, defendo descrição nesta como noutras matérias", ressalvou.

Antes, Rangel havia explicado o facto de ter criticado "algumas hesitações" do anterior Governo sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE), nomeadamente por parte do ex-primeiro-ministro, destacando, contudo, que essa posição foi "corrigida". 

"Nunca houve dúvidas sobre o posicionamento de Portugal de condenação completa da invasão russa e, para além disso, de total solidariedade humanitária, financeira e militar com a Ucrânia", no entanto, destacou o ministro, quando se tratou da questão do estatuto de candidato, "Portugal foi o último país a aceitar esse estatuto". "Nessa altura, eu próprio, como deputado europeu, critiquei essa posição do Governo português", disse, referindo que António Costa deu várias entrevistas na qual expressava "muitas reservas" sobre essa questão. 

"Evidentemente, essa, não é a posição que acho que o Estado português devia ter", considerou. "Não compreendi nunca essa posição do Estado português e acho que ela não nos ajudou nessa altura. Depois ela foi corrigida", frisou.

Quanto à NATO, o ministro dos Negócios Estrangeiros português apontou que "a primeira estratégia" é a de "apoiar o mais possível, já, a Ucrânia". Um outro projeto, já a "médio-longo prazo", trata-se de uma futura adesão da Ucrânia à Aliança. 

 Montenegro "não está a atacar ninguém", mas "a pedir uma oposição construtiva"

Na mesma entrevista, Paulo Rangel foi confrontado com o facto de o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, ter criticado Montenegro, nomeadamente por uma atitude de vitimização.

"Não há nenhuma vitimização. Agora, há uma coisa que os portugueses compreendem que é: há um Governo que vai apresentar o seu programa, o Governo tem um mandato, o próprio Partido Socialista reconheceu que esse mandato existe. Aliás, reconheceu a derrota na própria noite eleitoral e entende que devemos ser nós a governar. Portanto, aquilo que é evidente é que tem de ser responsável. A responsabilidade pede-se a todos", apontou.

Segundo Rangel, Montenegro "não está a atacar ninguém", mas "a pedir uma oposição construtiva"

"Se houver oposição construtiva há estabilidade. Se não houver, não há. Dizer isto é alguma vitimização?", questionou, recusando ainda qualquer "chantagem" e referindo que os portugueses não esperam que os partidos entrem numa "oposição destrutiva", mas sim que haja "resposta" para diferentes áreas, nomeadamente da Educação, Saúde ou Segurança. 

O governante acabou ainda por criticar o ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, acusando-o de não ter ouvido o discurso do primeiro-ministro. 

"A responsabilidade nas contas públicas não é causa do PS, é uma coisa que Fernando Medina aprendeu tarde e aprendeu depois de os portugueses terem sofrido muito. Porque quando ele esteve no Governo de José Sócrates não era assim. Mas, agora, ainda bem. É uma pessoa pela qual tenho apreço e, tendo mudado de posição, merece aplauso", disse sobre Medina, que acusou o PSD de ter prometido "tudo a todos".

Paulo Rangel destacou que a primeira parte do discurso de Luís Montenegro foi focada na "responsabilidade orçamental e na não criação de falsas expectativas".

Apontando também a Pedro Nuno Santos, atirou: "Não querem ouvir, não querem ler"

Governar em duodécimos? Rangel recusa "fazer cenários"

Interrogado sobre se o Executivo admite governar em duodécimos, caso o Orçamento do Estado para 2015 venha a ser chumbado, o ministro recursou "fazer cenários". 

"Nenhum Governo apresenta uma proposta de lei de um Orçamento, apresenta um Orçamento do Estado para ele ser reprovado. Apresentam com um espírito construtivo de que ele seja aprovado", disse.

"O Governo tem o seu programa, tem o seu mandato, e vai, com certeza, depois, no quadro parlamentar encontrar as melhores soluções Nós contamos é com responsabilidade de todos. O país precisa de ser governado, a crise social em que nós estamos é muito grande", reiterou.

O governante acabou também por ser questionado sobre os mais recentes desenvolvimentos da situação das gémeas luso-brasileiras a quem foi administrado em Portugal o medicamento Zolgensma, nomeadamente sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso que o Chega já anunciou que vai pedir. Contudo, Rangel recusou responder, referindo que essa é uma "matéria do grupo parlamentar", do qual é necessário respeitar a "autonomia" e destacou que este é um caso "muito especial e muito particular". 

[Notícia atualizada às 23h25]

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