"Parece que é mais grave chamar escroque do que criminoso fiscal"
Tal como havia feito à saída do Tribunal do Bolhão, no Porto, Ana Gomes salientou que "não havia aqui nada de pessoal" da sua parte, sendo que estava a referir-se à atuação de Mário Ferreira "como empresário".
© Getty Images
País Ana Gomes
A antiga eurodeputada Ana Gomes reagiu, no domingo, à condenação por difamação agravada de que foi alvo, na sequência de se ter referido ao empresário Mário Ferreira como “notório escroque”. A antiga candidata à Presidência da República reforçou, contudo, que recorrerá da decisão.
“Fui condenada por, num tweet, referir o empresário Mário Ferreira como um 'notório escroque/criminoso fiscal'. O tribunal admitiu que poderia ter fundamentos para o referir como criminoso fiscal, - o tribunal sabe por que razão é que ele foi constituído arguido pelo Ministério Público num caso de suspeitas de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais -, mas considerou que falar de escroque era um insulto pessoal desnecessário”, explicou a comentadora televisiva, no seu espaço de opinião na SIC Notícias.
Tal como havia feito à saída do Tribunal do Bolhão, no Porto, Ana Gomes salientou que “não havia aqui nada de pessoal” da sua parte, sendo que estava a referir-se à atuação de Mário Ferreira "como empresário”.
“Não tenho nada pessoal com o senhor; ele próprio confirmou isso em tribunal”, disse ainda, ironizando que “parece até que é mais grave chamar escroque a alguém do que criminoso fiscal; enfim, são critérios”.
A comentadora, que foi condenada ao pagamento de uma multa de 2.800 euros, além de uma indemnização de oito mil euros por danos não patrimoniais, ressalvou, contudo, que “ainda a procissão vai no adro”.
“Vou recorrer”, garantiu, ao mesmo tempo que classificou a experiência como “marcante”.
“Ser condenada por uma juíza que nunca me olhou nos olhos na sessão em que me condena foi uma experiência marcante”, disse.
Recorde-se que, a 18 de fevereiro de 2022, Ana Gomes começou a ser julgada por difamação agravada a Mário Ferreira, na sequência de um longo contencioso entre ambos. Em causa estão considerações sobre o empresário do grupo Mystic Invest/Douro Azul e da TVI, produzidas pela ex-eurodeputada na SIC Notícias e na rede social Twitter, na sequência de investigações e buscas relacionadas com a subconcessão do Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) e com negócios de navios.
Reagindo a um tweet do primeiro-ministro, António Costa, após participar a 7 de abril de 2019 no batismo do MS World Explorer (paquete construído nos ENVC por iniciativa do grupo Mystic Invest), a também ex-candidata presidencial Ana Gomes lamentou que o chefe do Governo tratasse como grande empresário um "notório escroque/criminoso fiscal", além de classificar a venda do 'ferryboat' Atlântida como "uma vigarice".
Para o advogado de Mário Ferreira, Tiago Félix da Costa, a ofensa "escroque/criminoso fiscal" é séria e, por isso, pediu a condenação da antiga eurodeputada a uma "pena pelo mínimo" e ao pagamento de uma indemnização de 10 mil euros ao empresário que serão, posteriormente, doados a uma instituição de solidariedade social.
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