O anúncio foi feito em Caracas pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, durante um encontro com portugueses na residência oficial do embaixador de Portugal em Caracas, João Pedro Fins do Lago, no âmbito de uma visita de sete dias à Venezuela.

"Há uma decisão, já, de criarmos aqui um grupo de trabalho entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, não só para melhorar os instrumentos que nós temos já no terreno", mas também para "outro tipo de instrumentos ou programas que possam ajudar, nomeadamente na questão dos lares", disse à Lusa.

"Isto é uma matéria que precisa de ser estudada, avaliada, para então, depois, podermos apresentar uma alternativa aos instrumentos que estão ao dispor da comunidade portuguesa e dos portugueses que aqui residem", acrescentou Paulo Cafôfo.

Segundo o governante, há o compromisso de fazer uma avaliação das necessidades no terreno para que o Governo possa "mais uma vez, dar uma mão".

Paulo Cafôfo referiu ainda que Portugal tem "um dever moral" e sabe que "a Venezuela não tem, na sua estrutura governativa, um Estado que devia assumir a proteção destes cidadãos" e por isso "o Governo português tem dito presente ao longo destes anos", numa perspetiva de evolução e de reforço dos meios de ajuda a portugueses.

Para o secretário de Estado, é possível "melhorar a legislação que já existe, que está no terreno e em vigor já há alguns anos" e "inovar" em outros desafios, como a questão dos lares.

"Nós não estamos aqui para dar, ou fazer anúncios que possam ser impactantes sem ter um trabalho feito da avaliação e de estudo relativamente àquilo que pode ser feito, àquilo que pode ser melhorado e é esse trabalho que, a partir desta visita, irá ser realizado", disse.

O governante explicou que a rede portuguesa local passa por vários desafios, entre eles o envelhecimento da comunidade e referiu que durante a visita viu "situações graves" de portugueses que são apoiados por associações financiadas pelo Estado português, entre elas a ONG Regala Una Sonrisa.

"Preciso dizer que a comunidade portuguesa aqui na Venezuela é próspera, e que ao longo dos anos tem sido um exemplo de empreendedorismo empresarial, mas há também uma comunidade que está muito frágil e vulnerável. Há pessoas com graves carências alimentares, que têm necessidades de saúde, de cuidados de saúde, face a situações graves do ponto de vista médico, e temos instituições como os lares, que são geridos pela nossa comunidade, que cada vez mais enfrentam problemas", disse.

O secretário de Estado precisou que nos últimos anos Portugal canalizou 2,3 milhões de euros para apoios na Venezuela, "mas há questão dos lares, que apesar de terem recebido verbas, ou continuarem a receber verbas por parte do associativismo não se enquadram bem nas necessidades que têm de financiamento".

Paulo Cafôfo referiu que há "pessoas que não têm meios financeiros e acabam por estar de forma gratuita nesses lares, o que obviamente torna a parte da gestão e da manutenção diária muito complexa".

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