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Habitantes contra abate de eucalipto que é "ícone" (e risco) em Carvalhal

A árvore em questão é uma referência na vida de pessoas de várias gerações na aldeia. Porém, tornou-se num risco para a segurança pública.

Habitantes contra abate de eucalipto que é "ícone" (e risco) em Carvalhal
Notícias ao Minuto

12:14 - 11/05/23 por Andrea Pinto

País Abrantes

Estava agendado para a manhã desta quinta-feira o abate daquele que é conhecido como o 'Eucalipto do Carvalhal', uma aldeia do município de Abrantes, no distrito de Santarém.

A árvore, com muitas décadas de vida, é considerada um símbolo da localidade, sendo para muitos um elemento incontornável da sua história e "uma referência icónica que tem acompanhado as últimas gerações", lê-se num edital da Junta de Freguesia.

"Não obstante a sua importância e relevância", lê-se no mesmo documento, a queda de um ramo da árvore levou o executivo a pedir uma avaliação por parte da Proteção Civil e da Câmara Municipal de Abrantes. A conclusão, da empresa Sequóia Verde, foi a de que o eucalipto possuía um risco elevado de queda, pelo que se aconselhava o seu abate.

A decisão, contudo, não gerou consenso entre a população, que desde o anúncio pediu que se arranjassem outras soluções para evitar a 'morte' deste símbolo da aldeia.

Apesar de não ignorar a "tristeza" causada pela situação, a Câmara de Abrantes anunciou que o abate da árvore irá mesmo acontecer, para se poder salvaguardar a segurança das pessoas. "Avaliando todos os dados constantes no relatório e por forma a garantir a segurança de pessoas, animais e bens, informa-se a população que se vai proceder ao abate do referido eucalipto esta quinta-feira, 11 de maio", indicou a autarquia.

Não querendo ignorar o risco que a queda de ramos pode causar, alguns habitantes desta aldeia não querem aceitar que o ciclo de vida da árvore tenha chegado ao fim.

"Os ramos podem estar perigosos, mas será que tudo tem que acabar? Temos um eucalipto perto (Sardoal) com cem anos a mais, mas tem sido tratado. Como é lógico é mais dispendioso que o abate, mas são ÍCONES que desaparecem", refere Luís Jacinto, habitante da freguesia que reconhece que este é um "tema sensível" na terra.

Mulheres unem-se para defender o património local

Já esta manhã, e a fim de impedir o abate, um pequeno grupo de mulheres marcou presença junto ao eucalipto. O seu objetivo era defender aquilo que dizem ser "um ícone" da aldeia. "É uma referência na aldeia já há 50 anos. É muito querido por parte da população", afirma Vitaliana Jorge, uma destas mulheres.

As cinco mulheres discutiram com elementos da GNR e fizeram ver o seu ponto de vista. 

"Fomos simplesmente cinco mulheres, mas conseguimos chegar a um entendimento de pelo menos irem cortando e ver o estado dos troncos", acrescenta Vitaliana, em declarações ao Notícias ao Minuto.

Notícias ao Minuto Trabalhos de corte do eucalipto© Vitalina Jorge 

O Notícias ao Minuto entrou em contacto com a Proteção Civil de Abrantes, que explicou que o seu objetivo "não é andar a cortar árvores só por cortar". Paulo Ferreira, coordenador municipal de Proteção Civil, indicou que esteve à conversa com o grupo de manifestantes, que acabaram por "perceber o que estava ali em risco" e que, perante a "podridão" da árvore, este era um problema que não podia ser contornado.

O técnico, que já não se encontrava no local, fez saber que os trabalhos de corte de ramos ficaram a cargo de um arborista, o qual está responsável por decidir o que se pode preservar ou não da árvore.

A história do 'Eucalipto do Carvalhal'

Segundo contam as gentes da terra, o 'Eucalipto do Carvalhal', que deu azo a um largo, foi em tempos propriedade de três homens. Os três homens cederam o terreno, tendo um deles o feito sob a promessa de que ali deixassem ficar um eucalipto e e um fontanário.

O Largo do Eucalipto perdura, assim, há décadas e “além de ícone, referência e ponto de encontro é hoje sítio agradável e [...] local de repouso e encontro de alguma das nossas gentes”.

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