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Crise e austeridade "agudizaram" declínio da fecundidade

A socióloga Maria Filomena Mendes afirmou hoje que a crise e a austeridade dos últimos anos "agudizaram" o declínio da fecundidade em Portugal, país que envelheceu a um ritmo "quase alucinante" na última década.

Crise e austeridade "agudizaram" declínio da fecundidade
Notícias ao Minuto

19:20 - 16/04/14 por Lusa

País Sociólogo

"O declínio da fecundidade não começou com a crise, mas sim antes. Só que a crise agudizou extraordinariamente esse declínio", fazendo de Portugal "um dos países da Europa e do mundo com menor fecundidade", referiu.

Esta situação ainda se torna mais grave porque, em Portugal, ao contrário de outros países europeus com níveis de fecundidade semelhantes, "a idade média das mulheres aquando do primeiro filho é de cerca de 30 anos".

"Com a média próxima dos 30, significa que muitas mulheres só têm o primeiro filho com 34 ou 35 anos, dificultando que tenham mais de um", disse.

Maria Filomena Mendes falava à agência Lusa à margem do VIII Congresso Português de Sociologia, que termina hoje, estando a decorrer desde segunda-feira, na Universidade de Évora (UÉ).

A diretora do departamento de Sociologia da UÉ e presidente da Associação Portuguesa de Demografia (APD) interveio hoje numa mesa-redonda subordinada ao tema "Demografia num País Desigual".

A propósito do declínio demográfico no país, gerador de desigualdades sociais, Maria Filomena Mendes chamou a atenção para várias questões, nomeadamente para as da natalidade e fecundidade e a sua interligação com a crise.

"É importante perceber que, pelo menos conjunturalmente, o desemprego e a precariedade alteram muito as perspetivas que as pessoas têm de futuro", o que, conjugado com "o aumento brutal da emigração jovem e o decréscimo da imigração", faz com que "os nascimentos também diminuam".

A especialista alertou também para um cenário que, mantendo-se a atual taxa de crescimento populacional, Portugal levaria 350 anos para duplicar a sua população.

Mas, com base na mesma premissa, os habitantes mais idosos, com 65 ou mais anos, poderiam "duplicar em apenas 39 anos".

"E se, dentro da população idosa, olharmos para a mais envelhecida, que são os 85 ou mais anos, duplicamos em 15 anos, ou seja, em 2026 vamos ter o dobro de pessoas nessa faixa etária", avisou.

O país tem vindo a "envelhecer a um ritmo quase alucinante na última década" e essa tendência vai manter-se, caso nada seja feito, avisou.

Já a outra oradora da mesa-redonda, Ana Fernandes, docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas de Lisboa (ISCSP), abordou as questões da longevidade e das diferenças de género, interligadas com a saúde e bem-estar.

A especialista disse que está por explicar uma "questão paradoxal", ou seja, "porque é que as mulheres são mais doentes e têm maior incapacidade severa, mas vivem mais tempo do que os homens".

"Esta questão está por explicar, mas estas mulheres são uma fonte de preocupação porque, ao serem grandes sobreviventes, vão atingir idades muito elevadas em condições de falta de apoio", alertou.

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