Bispo da Igreja Lusitana critica a "ganância do ter" em Carta Pastoral
O bispo Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana, ramo português da Comunhão Anglicana, alerta que "a ganância do ter que se exprime num consumo sem controlo, tem que dar lugar a um modo de vida centrado no essencial".
© Reuters
País Religião
O aviso do bispo da Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica surge na Carta Pastoral que lançou esta semana, e na qual reflete em torno do recente relatório do "Painel Intergovernamental para as alterações climáticas".
"Este Painel Científico refere, uma vez mais, a forma como o nosso país e a região do mediterrâneo em geral, serão afetados nas próximas décadas pelas alterações climáticas. Os efeitos serão: 'subida de temperatura -- aumento dos períodos de seca e ondas de calor, períodos de chuva menos frequentes, mas mais intensos, e uma linha de costa mais ameaçada pela subida do nível médio do mar'", recorda Jorge Pina Cabral na Carta Pastoral.
Por outro lado, o bispo sublinha que a pandemia de covid-19 veio "mostrar a imprevisibilidade de acontecimentos globais cujos efeitos afetam seriamente as diversas dimensões da vida".
"Ou seja, aumentou a incerteza perante o futuro, e a incerteza traz sempre também a insegurança. Tal pode explicar em parte, por exemplo, a reserva hoje de muitos casais jovens em terem filhos num mundo ameaçado e que trará muito sofrimento às gerações vindouras. Ou poderá explicar também uma atitude mais individualista perante a vida, sustentada numa descrença perante projetos coletivos e de horizontes temporais mais alargados", escreve o atual bispo diocesano da Comunhão Anglicana em Portugal.
Pina Cabral sublinha que se vive "mais para o imediato e para um presente sem perspetiva de continuidade", o que conduz à falta de "um sentido de compromisso a longo prazo e para a vida".
O bispo, que lidera a paróquia anglicana de S. Paulo, em Lisboa, considera que se vive, no entanto, "um tempo de oportunidade em que se joga de uma forma muito determinante" o futuro das gerações atual e próximas.
"O nosso estilo de vida, as nossas opções têm que cada vez mais se conformar com a vontade de Deus que, nas palavras do próprio S. Paulo, consiste em 'abandonar velhos costumes e maneiras antigas de viver, corrompidos por desejos Enganadores' (Efésios 4,22). Devemos, pois, renovar a nossa mentalidade, seguindo os critérios do Espírito Santo e na urgência de um passar do tempo e dos ponteiros do relógio que joga contra nós. A ganância do ter que se exprime num consumo sem controlo tem que dar lugar a um modo de vida centrado no essencial", escreve Pina Cabral na Carta Pastoral.
O bispo defende no documento que "viver com Cristo e em Cristo implica não só o renovar da mentalidade como o assumir de novos hábitos e em particular ao nível do consumo".
Na Carta Pastoral, o bispo da Igreja Lusitana recorda, também, que entre 01 de setembro e 04 de outubro, "as Igrejas em todo o mundo vão celebrar o denominado Tempo da Criação", apelando a que cada comunidade da Igreja Lusitana assuma compromissos e ações concretas na área ambiental a serem concretizadas no decorrer do ano pastoral 2021/2022.
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