Helena Fazenda, secretária-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI) e que vai abandonar o cargo no dia 1 de julho para regressar à magistratura, foi a convidada desta quinta-feira da Grande Entrevista, na antena da RTP, onde analisou o impacto da pandemia na criminalidade.
"A pandemia mudou o perfil de muitas coisas na nossa vida e na nossa sociedade", começou por afirmar a também procuradora-geral adjunta. No âmbito da criminalidade e da segurança, "projetou a necessidade de nos adaptarmos imediatamente, quer para preservar os ativos, as pessoas e os recursos humanos, como também para podermos monitorizar em permanência aquilo que poderiam ser fenómenos emergentes ou não".
No início da pandemia em Portugal, Helena Fazenda recorda que foi necessário realizar uma reunião com serviços e forças de segurança para definir "os três grandes pilares relativamente a um período que era de desconhecimento total".
Tornava-se imperioso, por um lado, "acompanhar eventuais fenómenos emergentes" e, por outro, "perceber qual era a reação da sociedade às medidas do confinamento restritivas que estavam a ser decretadas". Por fim, pretendíamos "saber quais os impactos na forças e serviços de segurança".
Apesar de 2020 ter sido um dos anos mais seguros dos últimos tempos, "houve um aumento relativo da homicídios", sendo que as forças de segurança contabilizaram um total de 93 destes crimes. Como explicou a secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, o número de homicídios não seguiu a tendência de 2019, "mas outros anos houve em que se registou maior incidência. Penso que não se pode imputar à pandemia e às circunstâncias do confinamento" este aumento.
Segundo Helena Fazenda, houve um aumento de nove casos de homicídio em em 2020, face ao ano anterior, e registou-se maior incidência no mês de novembro.
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