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Assistentes sociais combatem insucesso mas vivem situação precária

A maioria dos assistentes sociais que trabalham nas escolas, ajudando no combate ao abandono e insucesso escolar, vivem "uma grave instabilidade laboral", sendo "muitos aqueles que em agosto ficarão desempregados", alertou hoje a associação representativa do setor.

Assistentes sociais combatem insucesso mas vivem situação precária
Notícias ao Minuto

17:35 - 23/06/21 por Lusa

País Escola

"A maioria dos assistentes sociais que está nas escolas tem um contrato de trabalho que termina a 31 de agosto. As aulas estão a acabar e a maioria não tem ainda qualquer informação sobre se os projetos que integram irão ter continuidade e se os seus contratos de trabalho irão ser prorrogados", disse Irene Fonseca, da Associação de Investigação e Debate em Serviço Social (AIDSS), em declarações à Lusa.

O trabalho destes profissionais "é muito importante", reconheceu o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima.

"Os assistentes sociais são quem trabalha de perto com as famílias, quem vai a casa saber se está tudo bem. Eles identificam e tentam resolver os problemas dos alunos e das suas famílias. E este trabalho de proximidade é essencial para combater o abandono e insucesso escolar", explicou Filinto Lima, sublinhando que "eles forçam, pela positiva, os alunos a não abandonar a escola".

No ano passado, o Governo autorizou a contratação de cerca de mil técnicos especializados, entre os quais estão pouco mais de uma centena de assistentes sociais.

Os contratos terminam em 31 de agosto, mas Filinto Lima lembrou que o Plano de Recuperação de Aprendizagens - apresentado este mês - prevê, precisamente, o prolongamento desses contratos por mais um ano.

No entanto, Irene Fonseca disse que "desses mil trabalhadores, apenas 10% são assistentes sociais", sublinhando que existem muitos outros que não sabem o que lhes vai acontecer. "A precariedade é um problema real da profissão", afirmou.

A informação é corroborada por Filinto Lima: "Muitos têm contratos precários, apesar de serem uma peça importante das escolas. Tal como os psicólogos, também os assistentes sociais são fundamentais".

Questionada sobre quantos assistentes sociais trabalham nas escolas e quantos estão nos quadros, Irene Fonseca disse ter pedido esses dados aos serviços do Ministério da Educação, mas ainda não ter recebido qualquer informação.

Irene Fonseca disse saber apenas que quando os anos letivos chegam ao fim, estes trabalhadores ficam sem saber como será o seu futuro. "Por vezes, conseguem continuar na mesma escola, muitas vezes não", contou.

"Além do problema da instabilidade, também é importante manter as pessoas nas escolas porque podem acompanhar os projetos. É diferente ter um assistente social que já conhece os alunos ou ter um novo todos os anos, que tem de se inteirar dos processos", explicou Filinto Lima.

Também Irene Fonseca sublinhou essa questão, considerando que "garantir a estabilidade das equipas técnicas, por forma a permitir uma avaliação sistémica das famílias a longo prazo, considerando os contextos onde se inserem, não se coaduna com a prática atual de contratação dos profissionais de Serviço Social, por cada ano letivo".

Segundo esta responsável, há assistentes sociais que têm "mais de 2.600 alunos na sua listagem de apoio", sendo essencial que estes técnicos mantenham o acompanhamento dos alunos e famílias sinalizadas.

Os assistentes sociais estão presentes em projetos como o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Educativo, os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, o Programa Integrado de Educação e Formação, e no Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar.

Irene Fonseca lembrou que são quem avança muitas vezes com medidas preventivas para promover o sucesso educativo dos alunos, envolvendo pais e encarregados de educação e que são os assistentes sociais quem chama a atenção da comunidade escolar para a necessidade de ajudar um aluno ou uma família.

"A intermitência ou ausência destes profissionais nas escolas revela existir ainda um significativo desconhecimento e falta de reconhecimento do seu papel, por parte das entidades competentes, no entendimento da importância quanto à sua permanência no sistema educativo", critica a associação em comunicado.

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