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"Estamos nesta situação porque fomos dos últimos países a confinar"

O pneumologista e coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, Filipe Froes, considerou que estamos a viver uma situação de catástrofe devido à pandemia e defendeu que a União Europeia devia ter uma política comum para evitar que novas variantes entrassem no espaço europeu.

"Estamos nesta situação porque fomos dos últimos países a confinar"
Notícias ao Minuto

23:13 - 25/01/21 por Notícias ao Minuto

País Covid-19

O pneumologista Filipe Froes defendeu, esta segunda-feira, que Portugal deveria entrado em confinamento mais cedo, a par de outros países da Europa. "Estamos nesta situação porque fomos dos últimos países a confinar", considerou, em entrevista com Miguel Sousa Tavares, na TVI.

De acordo com coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, em comparação com a primeira vaga, Portugal passou do "melhor aluno da Europa para o pior".

Mais, para Filipe Froes, a primeira onda "correu tão bem" que o país não se apercebeu da "fragilidade do Serviço Nacional de Saúde" (SNS) e, por exemplo, do problema que representam as pessoas assintomáticas. "Desvalorizamos a pandemia, tornámos normal o anormal", denotou.

Sobre o estado atual do SNS, Filipe Froes recordou que, em teoria, toda a rede pública de saúde no país tem, no total, 21 mil camas e que, portanto, a sua capacidade tem até esse limite de vagas.

Contudo, sublinhou o especialista, "temos de fazer o diagnóstico certo, estamos em situação de catástrofe" porque quanto mais "requalificamos para a Covid menos estamos a fazer por doentes não-Covid e, considerando que "não há pessoal para manter o rácio", a "consequência é que estamos a pôr em causa toda a saúde do nosso país".

Questionado por Miguel Sousa Tavares sobre se considera que o Governo anda desde o verão atrás do prejuízo, o consultor da Direção-Geral da Saúde (DGS) concordou, afirmando que se tem verificado "uma atitude mais reativa do que proativa" e que várias medidas, incluindo a referente ao confinamento, vieram tarde. "Na pandemia, uma semana é imenso", lembrou.

Quanto ao futuro, o pneumologista sublinhou que ainda não se sabe o impacto do novo coronavírus nos próximos anos e considerou que este pode tornar-se exclusivamente sazonal, como a gripe."Pode ficar cá para sempre. O que normalmente acontece é que o vírus costuma perder capacidades com o tempo e passa a viver num maior equilíbrio connosco", conjeturou.

Ainda assim, lembrou que as vacinas produzidas contra o novo vírus foram criadas para uma específica variante e que o surgimento de novas mutações é um fenómeno a evitar.Para o perito, devia isolar-se ao máximo as variantes para que estas "não se cruzassem e houvessem novas mutações".

"Seria prudente haver uma política comum na União Europeia para haver muito cuidado com a entrada de novas variantes no espaço europeu", apontou, acrescentando que a esta política deveria ser complementada com um período de quarentena à chegada e uma nova testagem dos passageiros, sobretudo, vindos de países com novas variantes.

Quanto ao plano de vacinação, Filipe Froes admitiu não concordar com os presentes critérios que definem quais são os grupos prioritários e defendeu que Portugal deveria guiar-se pelo critério da idade. Ou seja, vacinar todos acima dos 70 anos, cuja mortalidade, neste momento, é de 13%. "O critério da idade é transparente e é mais fácil de gerir", acrescentou.

O especialista ainda defendeu a criação de centros de vacinação de massas e alertou para o facto de que "na maior parte dos centros de saúde" será insustentável manter a atividade normal mais a vacinação da população. Para estes centros, seriam chamados enfermeiros fora do seu horário de trabalho, por exemplo aos fins de semana ou depois dos turnos, para não comprometer a atividade dos centros de saúde.

Por fim, Filipe Froes afirmou que "temos de melhorar o nosso sistema de informação e de conhecimento", pois, passados 10 meses da pandemia, ainda não temos noção do seu "impacto real"."Devíamos [por exemplo] saber onde é que morrem os doentes. Não é difícil saber, está nas certidões de óbitos", rematou.

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