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Falta de compromisso de suinicultores trava construção de ETES em Leiria

O ministro do Ambiente admitiu hoje, na Marinha Grande, que não será construída uma estação de tratamento de efluentes suinícolas (ETES) em Leiria, por falta de compromisso com os empresários do setor.

Falta de compromisso de suinicultores trava construção de ETES em Leiria
Notícias ao Minuto

18:45 - 30/12/20 por Lusa

País Ambiente

"A solução de uma grande ETAR [estação de tratamento de águas residuais] demonstra ser uma solução ineficiente, que vai obrigar a um investimento grande, como é natural, mas o problema não está no investimento, mas na garantia e no compromisso de quem produz efluentes de os levar a essa mesma ETAR, porque não existe uma rede de esgoto. Eles têm de ser transportados e têm um custo", afirmou o ministro do Ambiente e da Ação Climática.

Matos Fernandes, que falava à margem de uma visita ao Pinhal de Leiria, na Marinha Grande, sublinhou que "sem qualquer compromisso que, aliás falhou muitas vezes no passado e os interlocutores do outro lado são os mesmos, não há razão para construir essa ETAR".

"Se a fizéssemos íamos ficar muito contentes no dia da inauguração, havia certamente umas fotografias simpáticas e diríamos que está aqui a solução, e depois íamos continuar a ter a ribeira dos Milagres poluída", reforçou o governante.

Segundo explicou, os "estudos mostraram-no, na construção do ENEAPAI [Estratégia Nacional para os Efluentes Agropecuários e Agroindustriais], que não há maturidade de relação com os suinicultores, que justifique a construção de uma obra pública".

"Nós temos mesmo que, com o Ministério da Agricultura, agir, sobretudo, no sentido da responsabilização da penalização e do encontro de outras soluções, que não são soluções tecnologicamente sofisticadas", defendeu o ministro.

Para João Pedro Matos Fernandes, "há um conjunto de ETAR, na Águas do Centro, que tem capacidade sobrante de tratamento e que algumas delas até foram pensadas para tratar alguns desses efluentes".

"Chegaremos a fevereiro com esses números certos e alguns desses efluentes, pagando, claro, serão tratados nessas mesmas ETAR", sublinhou.

O presidente do Município da Batalha já reagiu às declarações de Matos Fernandes e enviou um ofício ao ministro do Ambiente salientando que o seu concelho "há vários anos defende que a construção da ETES do Lis é um projeto de relevante interesse público e essencial ao plano de despoluição da bacia hidrográfica do Lis, bem como de regularização do setor pecuário da região e com impacto direto, entre outros, nos municípios de Leiria, Pombal, Ourém, Batalha, Marinha Grande e Porto de Mós".

No ofício, Paulo Batista Santos (PSD) sublinha que "a construção de uma ETES constitui um projeto-chave para a despoluição dos cursos de água da bacia hidrográfica do Rio Lis, bem como representa um investimento indispensável para a sustentabilidade da atividade suinícola na região".

Considerando "grave" esta decisão anunciada, "pelas graves consequências ambientais", o autarca questiona João Pedro Matos Fernandes sobre os "resultados do estudo realizado pela AdP [Águas de Portugal] Energias" e "qual a alternativa viável do Governo para o tratamento dos efluentes suinícolas e de despoluição da bacia hidrográfica do Lis".

O projeto da ETES, um investimento total de 21 milhões de euros, era apoiado por um montante de 9,1 milhões de fundos nacionais e comunitários, apresentado pela Valoragudo, detida a 100% pela Recilis (empresa criada para ficar responsável com o tratamento e valorização dos efluentes na bacia hidrográfica do Lis). O plano foi aprovado em 2014.

Depois de avanços e recuos, em janeiro de 2019, a autoridade de gestão do Programa de Desenvolvimento Rural 2020 disse que a Recilis "perdeu definitivamente o financiamento".

O Governo chamou a si o processo e o modelo de tratamento dos efluentes suinícolas em Leiria para ser desenvolvido pela AdP Energias (grupo Águas de Portugal), num modelo de gestão pública extensível a todo o país.

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