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Jornalismo "é provavelmente o único sem medidas efetivas" de apoio

O setor do jornalismo é, desde março, "provavelmente o único que não tem uma única medida de emergência efetiva aprovada pela tutela", disse hoje, num 'webinar', Sofia Branco, presidente do Sindicato dos Jornalistas.

Jornalismo "é provavelmente o único sem medidas efetivas" de apoio
Notícias ao Minuto

17:45 - 30/09/20 por Lusa

País Covid-19

Mesmo tendo em conta iniciativas como a compra de publicidade institucional, Sofia Branco considera que não houve medidas para colmatar o "efeito devastador da pandemia" no jornalismo, cuja precariedade aumentou durante a pandemia, segundo o estudo "Os efeitos do estado de emergência no jornalismo no contexto da pandemia covid-19".

No 'webinar', para debater os desafios do teletrabalho na profissão, Sofia Branco destacou que o sindicato é a favor "de um teletrabalho com direitos", assegurando que "esta pandemia teve um efeito de agravamento da fragilidade de um setor que já era frágil".

Para Sofia Branco, "o aumento da precariedade é uma realidade. E não tem a ver com a idade. Este estudo mostra que é transversal e deve preocupar-nos".

Os dados apresentados pela investigadora Madalena Oliveira, da Universidade do Minho, mostram que "o aumento do número de jornalistas sob contratos temporários veio eliminar uma linha de demarcação baseada na idade e na qualificação".

Os resultados deste trabalho, baseado num inquérito a jornalistas registados na Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) mostram que "se por um lado, a percentagem de jornalistas com menos de 30 anos e contrato sem termo era diminuta (13%) quando comparada com outro tipo de vínculos, por outro lado, verifica-se uma cada vez maior incidência destas modalidades contratuais entre jornalistas mais velhos", lê-se no estudo.

"Entre os profissionais com contrato a termo certo, 60,7% tinham mais de 41 anos. Tinham igualmente mais de 41 anos 69,7% dos jornalistas sob o regime de prestação de serviços com avença e 69,1% dos de regime de prestação de serviços sem avença. A precariedade deixou de ser um fenómeno exclusivo das novas gerações de jornalistas em Portugal", de acordo com os mesmos dados.

A presidente da comissão da carteira, Leonete Botelho, alertou para os efeitos mais negativos do teletrabalho para a profissão, apontando um ambiente "castrador" em termos de "imaginação criativa" que é "a falta de ambiente de redação" e para a redução da modalidade de reportagem. "Corremos o risco de perder a diversificação de pontos de vista", lamentou.

A pandemia dominou a agenda dos jornalistas durante a declaração do estado de emergência, e o domicílio passou a ser o local de trabalho para a maioria destes profissionais, que passaram a usar mais tecnologia e a sair menos em reportagem, segundo as conclusões do estudo, fruto de uma parceria entre a CCPJ, o Sindicato dos Jornalistas, a Universidade de Coimbra, a Universidade de Lisboa, a Universidade do Minho e a Sopcom -- Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação.

As 890 respostas dos jornalistas a um questionário 'online', realizado entre 22 de maio e 08 de junho, que representaram 13,3% do total de jornalistas registados em maio na CCPJ (6.678), revelaram que a situação económica resultante do estado de emergência "adensou a perceção" dos jornalistas acerca da falta de expectativas sobre o seu emprego e "aumentou significativamente" o número de profissionais que admitem a possibilidade de deixar de exercer a profissão.

As respostas dos jornalistas mostraram também ter quintuplicado o número de profissionais para quem, depois da declaração do estado de emergência, no decurso da pandemia de covid-19, era muito provável ou provável perder o trabalho de jornalista a curto prazo.

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