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Valença e Tui exigem reabertura imediata da ponte centenária

Os presidentes das câmaras de Valença, no Alto Minho, e de Tui, na Galiza, lançaram hoje "um pedido de socorro" aos governos de Portugal e de Espanha, exigindo a reabertura imediata da ponte centenária que liga a eurocidade.

Valença e Tui exigem reabertura imediata da ponte centenária
Notícias ao Minuto

13:13 - 29/05/20 por Lusa

País Covid-19

um pedido de socorro para que os governos de Portugal e de Espanha agilizem os procedimentos com vista à reabertura imediata da ponte centenária, cujo encerramento está a causar um prejuízo muito grave à economia e aos trabalhadores transfronteiriços, que não aguentamos por muito mais tempo", afirmou Enrique Caballero, o presidente da Câmara de Tui.

O autarca galego falava esta manhã numa conferência de imprensa conjunta com o presidente da Câmara de Valença, Manuel Lopes.

O encontro com os jornalistas não se realizou a meio da ponte desenhada por Gustave Eiffel por falta de autorização de Espanha, acabando por ser transferido para a entrada portuguesa da ponte centenária, o que levou os espanhóis a atravessar a fronteira pela ponte nova, o único ponto de passagem autorizado no distrito de Viana do Castelo para trabalhadores transfronteiriços e transporte de mercadorias.

Naquela travessia, os autarcas e jornalistas galegos foram sujeitos aos procedimentos de controlo, o que motivou um atraso de meia hora no início da conferência de imprensa.

O autarca de Valença, Manuel Lopes, garantiu que se os governos dos dois países não lançarem um plano de apoio às regiões de fronteira serão responsabilizados pelas "dificuldades económicas, sociais e morais, em especial, no comércio, na restauração, na hotelaria e a indústria".

"Nós os responsabilizaremos, no futuro, se não acudirem com medidas especiais estas regiões transfronteiriças, porque nós não vivemos uns sem os outros. Serão os nossos governantes responsabilizados, na sua totalidade, pela perda de emprego dos trabalhadores transfronteiriços, pelas perdas económicas que vêm devastando as famílias, as indústria e comércio", disse o autarca social-democrata.

O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23:00 do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada devido à pandemia de covid-19 e termina às 00:00 de 15 de junho.

Para Manuel Lopes, "nada justifica" o encerramento da ponte centenária que liga duas cidades separadas por apenas 400 metros e que, em 2012, formalizaram a eurocidade Valença e Tui.

"Não há explicação para as filas de trânsito de ambos os lados da fronteira, com quilómetros e com horas de espera. Estamos perante um povo transfronteiriço cujas economias locais estão 80 a 90% dependentes da fronteira. Não estamos a solicitar aos nossos governantes trabalho, apenas a pedir que nos deixem trabalhar", disse Manuel Lopes.

O autarca deixou uma mensagem a António Costa e Pedro Sanches, referindo que "Portugal não é só Lisboa, e Espanha não é só Madrid".

"Não tenham vergonha, venham à província, venham à raia, porque nós somos portugueses e os tudenses também são espanhóis", referiu.

Manuel Lopes quis deixar um recado: "Para bem de Portugal e de Espanha, para uma Galiza melhor e para um Norte de Portugal melhor, para que Tui e Valença continuem de mãos dadas e para que as nossas economias retomem recuperação e crescimento, abram as fronteiras de imediato. Um recado muito claro: o Norte de Portugal e a Galiza são uma terra, um único povo. Foram habituados, há séculos, a viverem em conjunto e, garantimos, que nada nos fará separar uns dos outros".

Além do impacto na "economia em geral", o autarca galego, Enrique Caballero, destacou as dificuldades que a mobilidade entre as duas regiões está também a causar aos trabalhadores transfronteiriços, "com situações laborais complexas e níveis salariais médios/baixos".

"Esta situação está a levar que alguns trabalhadores tenham de desistir dos postos de trabalho por terem de percorrer distâncias muito maiores para chegarem ao trabalho", referiu, reforçado pelo autarca português: "Os governos dos países fazem contas às despesas destes trabalhadores. Do que gastam em transporte. Deixam o salário na bomba de gasolina e não levam nada para casa".

Segundo números avançados por Enrique Caballero, a passagem entre Valença e Tui lidera o tráfego rodoviário diário entre os dois países com 15.741 veículos.

Em segundo lugar aparece a fronteira entre Vila Real de Santo António e Aiamonte, com 11.790, depois Badajoz e Caia, com 10.002, em quarto lugar a travessia entre Monção e Salvaterra do Minho, com 9.082, e que se encontra fechada.

A travessia entre Vila Nova de Cerveira e Goian, também encerrada, regista um movimento diário de 5.812 veículos e, em sétimo lugar, aparece a ponte encetaria entre Valença e Tui com 4.340 veículos.

"Só esta região tem quase 50% do tráfego rodoviário entre os dois países. Estes dados refletem o que significa ter as fronteiras fechadas e a carga e pressão que este único ponto aberto acarreta", sustentou.

Nas últimas semanas, os autarcas dos dois lados do rio Minho têm feito repetidos apelos à abertura de mais passagens entre as duas regiões transfronteiriças. Na sexta-feira, o diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho disse que o território se encontra "afogado" por uma única passagem na fronteira entre os dois países e a situação está a tornar-se "insustentável".

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