Meteorologia

  • 27 ABRIL 2024
Tempo
12º
MIN 11º MÁX 17º

Debate sobre racismo "tardava muito" na sociedade portuguesa

O presidente da Associação Caboverdeana de Lisboa (ACV) defendeu hoje que o debate sobre racismo "tardava muito" em Portugal, manifestando a expetativa de que possa contribuir para melhorar a representatividade das minorias.

Debate sobre racismo "tardava muito" na sociedade portuguesa
Notícias ao Minuto

15:12 - 20/02/20 por Lusa

País Racismo

Este debate "tardava muito por preconceitos que vinham do passado, sobretudo com origem no lusotropicalismo, que partia do princípio que em Portugal não existia racismo", defendeu José Luís Hopffer Almada.

O presidente da Associação Caboverdeana de Lisboa falava à agência Lusa a propósito dos 50 anos da instituição, que serão assinalados, no sábado, na Casa do Alentejo, em Lisboa, com uma conferência e uma gala em que marcarão presença os chefes de Estado de Portugal e Cabo Verde, Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Carlos Fonseca.

"No passado, no tempo do Império, também se partia do princípio de que não havia racismo nas colónias portuguesas e tudo isso condicionou o debate porque havia um certo negacionismo", disse.

Apontando que o lusotropicalismo surgiu como uma corrente positiva de combate às teorias intolerantes do nazismo e da defesa das raças puras e que defendia a mestiçagem, Hopffer Almada sublinhou que acabou por se tornar numa "ideologia imperial que persistiu até agora na sociedade portuguesa".

O presidente da ACV equacionou, contudo, a possibilidade desse lusotropicalismo ter "também aspetos positivos".

"Na cabeça dos portugueses, em geral, parte-se do princípio de que os portugueses são historicamente tolerantes em relação a outras raças e isso pode otimizar um melhor relacionamento com as minorias se for bem utilizado", disse.

Mas, por outro lado, acrescentou, "pode ser negativo se essa vertente negacionista persistir e não se combater a fundo o que se chama racismo institucional ou os preconceitos racistas que às vezes nem são percetíveis pelo comum dos cidadãos".

Por isso, entende que o debate que desde há alguns meses decorre em Portugal poderá ter efeitos "muito positivos" no combate a esse racismo.

"Pela chamada de atenção e porque vai melhorar a representatividade política das minorias", considerou.

"Não podemos persistir naquela ideia antiga e paternalista de que são os outros a falar de nós, somos nós que temos de falar dos nossos problemas", acrescentou.

José Luís Hopffer Almada sublinhou, neste contexto, o papel da associação a que preside como um "importantíssimo espaço de debate político".

"Somos independentes politicamente, mas a associação é um espaço de debate e do contraditório democrático", disse, adiantando que a associação tem recebido académicos, estudiosos com vários posicionamentos sobre as questões cabo-verdianas, mas também políticos.

"O que não toleramos na associação cabo-verdiana são posicionamentos nitidamente racistas ou de xenofobia", concluiu.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório