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Mulher detida na Amadora garante que pensou que ia morrer asfixiada

A mulher detida no domingo na Amadora numa paragem de autocarro diz ter sido agredida por um polícia e ter temido pela vida, garantindo que vai lutar com todas as suas forças contra a violência e o racismo.

Mulher detida na Amadora garante que pensou que ia morrer asfixiada
Notícias ao Minuto

06:43 - 23/01/20 por Lusa

País Violência

Num comunicado da sua advogada enviado às redações na quarta-feira à noite, Cláudia Simões, de 42 anos e mãe de quatro filhos, conta que no passado domingo pensou que ia morrer sufocada na rua diante da filha de 8 anos, vítima de agressões policiais.

Ao longo de três páginas Cláudia Simões conta a sua versão dos factos, dizendo que temeu pela vida quando foi vítima de um episódio de violência policial.

Depois de um desentendimento com o motorista do autocarro no qual queria entrar, supostamente porque a filha não transportava o passe, este chamou um agente da PSP que ali passava tendo sido abordada "agressivamente" e o seu telemóvel foi atirado para o chão.

"Ordenou-me que me sentasse no passeio, pedi-lhe para me sentar antes no banco da paragem, respondeu-me que não, que era no chão. Recusei-me a sentar no chão em plena via pública e perante a minha recusa o agente deitou-me ao chão", descreve.

Cláudia Simões continua: "No chão sentou-se em cima de mim, na zona lombar, pressionando-me contra o chão, imobilizando-me como também asfixiando-me".

Numa tentativa de evitar que fosse sufocada, admitiu que mordeu ao agente num braço.

A arguida conta depois as alegadas agressões que sofreu num carro da PSP, onde garante ter sido esmurrada e alvo de ofensas verbais antes de ser assistida no hospital Fernando Fonseca, na Amadora.

Foi no hospital, segundo a cidadã portuguesa nascida em Angola, que um agente a mandou assinar uns papéis, que não leu porque tinha "os olhos muito inchados", que eram a constituição de arguida.

Cláudia Simões termina a carta a dizer que está em choque com tudo o que viveu, que tem muitas mazelas e que sabe que "a luta ainda agora começou".

"Mas irei até ao fim e lutarei com todas as minhas formas, pelo fim do racismo ou de qualquer outro foco de violência", assegura.

Entretanto, na quarta-feira o ministro da Administração Interna (MAI) ordenou a abertura de um inquérito sobre a atuação policial no caso da detenção de Cláudia Simões que resultou numa denúncia contra o polícia de serviço.

Vários partidos já pediram esclarecimentos ao MAI sobre a atuação policial nesta situação e na segunda-feira a PSP já tinha anunciado a abertura de um processo de averiguações na sequência da denúncia apresentada pela mulher detida contra o polícia de serviço.

No âmbito desta ocorrência, a organização SOS Racismo recebeu "uma denúncia de violência policial contra a cidadã portuguesa negra", indicando que a mulher ficou "em estado grave", resultado das agressões que sofreu na paragem de autocarros e dentro da viatura da PSP em direção à esquadra de Casal de São Brás, na Amadora.

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