Nuno Pinto, 42 anos, especialista em enfermagem médico-cirúrgica e bombeiro voluntário na corporação de Castro Daire há mais de 20 anos - na qual desempenhou, na última década, a função de adjunto do comando - foi nomeado pelo presidente da autarquia da Figueira da Foz, em comissão de serviço, por um período de cinco anos, após a demissão do anterior comandante em outubro de 2018.
Em declarações aos jornalistas, Carlos Monteiro assumiu que a nomeação do novo comandante "demorou", argumentando que, de acordo com a lei, a escolha teria de recair em alguém em funções na administração pública e que para ser libertado das mesmas "as coisas são relativamente morosas".
Depois de ao longo de mais de um ano a autarquia ter visto negada a pretensão de nomear, primeiro, um oficial da Unidade de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR e depois outro do Exército "que se foi protelando no tempo", Carlos Monteiro destacou a "abertura e disponibilidade excecional" do presidente do INEM, Luís Meira, ao aceitar o pedido de comissão de serviço do novo comandante.
"Não é uma segunda escolha, é uma outra escolha", enfatizou o autarca, apontando a "experiência vasta" de Nuno Pinto e sublinhando que a escolha do novo comandante foi "articulada" com o Comandante Operacional Distrital (CODIS) de Coimbra, Carlos Luís Tavares.
Questionado sobre a situação atual dos bombeiros sapadores da Figueira da Foz, que contam com 34 operacionais, metade do quadro de pessoal, Carlos Monteiro frisou que a gestão da corporação tem sido realizada "entre o ótimo e o possível".
O autarca lembrou que a juntar ao novo quartel inaugurado em 2015, em 2019 a corporação de municipais passou a bombeiros sapadores, o que representou um acréscimo total de 300 mil euros na massa salarial (de 600 mil para 900 mil euros).
"Há falta de uma autoescada, mas vamos ter de aguentar, reforçámos o protocolo com os Bombeiros Voluntários e felizmente existe uma autoescada excecional na Figueira da Foz. A Figueira tem essa grande vantagem, é dos poucos municípios que tem um corpo de Sapadores [existem 24 em Portugal continental] e felizmente também tem um corpo de Voluntários muito bom [o que só ocorre, fora das capitais de distrito que têm bombeiros sapadores, nos municípios de Vila Nova de Gaia e Lousã]. Está bem entregue, a segurança das pessoas está salvaguardada", frisou Carlos Monteiro.
Aos jornalistas, o novo comandante dos Bombeiros Sapadores da Figueira da Foz revelou que aceitou "imediatamente" o convite, acentuando que é um "desafio difícil por natureza" devido às "múltiplas" características do município do litoral do distrito de Coimbra, onde irá assumir, igualmente, as funções de coordenador municipal de Proteção Civil e aposta num "trabalho longo para massificar a prevenção".
Por outro lado, reconheceu a diferença para Castro Daire - no distrito de Viseu, concelho de onde é natural - que possui uma população quatro vezes inferior à da Figueira da Foz e onde o risco incide, predominantemente, nos fogos florestais e rurais.
"O nível de população quer dizer tudo e [aqui] o risco aumenta drasticamente. E essa multiplicidade de áreas [num município ligado ao turismo e também à indústria, com rio, mar e uma grande mancha florestal] é o grande desafio", argumentou Nuno Pinto.
Adiantou que vai comandar uma corporação "reconhecida" quer em Portugal, quer no estrangeiro, notando que as "dificuldades inerentes" a uma corporação de bombeiros voluntários como aquela em que desempenhou funções em Castro Daire são diferentes das existentes numa corporação profissional.
"Aqui, o profissionalismo é uma vertente mais facilitadora para responder de forma eficiente as solicitações", alegou.
Questionado pela Lusa sobre se vai pedir a compra de ambulâncias à Câmara Municipal - já que os bombeiros sapadores são a única corporação de bombeiros do país que não possui serviço de emergência de saúde, uma decisão tomada no início da década de 1980 e que se mantém até hoje - Nuno Pinto respondeu ter "a certeza" de que a Figueira da Foz "está extremamente bem servida em termos de resposta da emergência pré-hospitalar".
O novo comandante dos Bombeiros Sapadores da Figueira da Foz - que desempenhava, até à data e entre outras, as funções de enfermeiro na Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) da delegação regional de Coimbra do INEM, bem como nas equipas médicas da base de helicópteros de Santa Comba Dão - lembrou que o município possui três postos de emergência médica do INEM, com ambulâncias nos Bombeiros Voluntários, Cruz Vermelha Portuguesa e Hospital Distrital e uma VMER, também localizada naquela unidade de saúde.
"Perante isto, é evidente a qualidade, não vejo necessidade para mexer, em equipa que ganha não se mexe", frisou Nuno Pinto.