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Agricultores de Ovar querem retificação das obras na zona da Marinha

Agricultores de Ovar da zona lagunar da Marinha pediram hoje à Câmara que intervenha junto da sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro para que essa retifique obras que dizem desrespeitar propriedade privada e ameaçar a segurança da população.

Agricultores de Ovar querem retificação das obras na zona da Marinha
Notícias ao Minuto

13:10 - 28/08/19 por Lusa

País Ovar

As preocupações que cerca de 50 moradores e membros da Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA) expuseram à autarquia prendem-se com as dragagens na Marinha, cujas areias estão a ser "desviadas para outro locais" quando, dizem, deveriam permanecer na zona para ajudar ao controlo dos níveis das águas.

A explicação é de Albino Silva, presidente da ALDA, que diz que as críticas às obras da Polis também se estendem aos novos trajetos dunares que "estão a ser criados através de terrenos privados sem que ninguém tenha falado com os donos" e que "cortam a meio" essas propriedades "sem preverem recursos alternativos para circulação das pessoas em segurança".

Entre os agricultores que hoje se concentraram junto à Câmara de Ovar antes da reunião com parte do executivo incluía-se António Valente, que na Marinha gere uma exploração de leite e carne, para quem "o grande problema disto tudo é o projeto da Polis ter sido desenhado num gabinete por gente que não sabe do que está a tratar e que não se deu sequer ao trabalho de falar com os agricultores nem com quem vive no local".

A população está "muito revoltada" porque desde sempre "pagou os impostos todos sobre os seus terrenos e agora o pessoal da Polis entrou por eles dentro e cortou-os a meio, deixando lá uma parede de estacas com 1,5 metros de altura, para ser enchida com areia", afirmou o agricultor.

António Valente explicou que "há terrenos de 4.000, 6.000 e 10.000 metros quadrados que foram simplesmente divididos a meio".

"Andamos nós há anos a pagar impostos por eles e agora cortam-nos a terra de uma ponta à outra sem pedirem autorização a ninguém", disse.

O mesmo empresário agrícola disse que já falou "com os engenheiros da obra e eles disseram que o projeto não prevê nenhuma forma de atravessamento" das referidas zonas estacadas, o que deixa proprietários, trabalhadores e moradores "sem alternativa para chegar ao outro lado".

Defendendo que essa estacaria deveria contornar a Marinha "pelas margens da ria, como se fez na Murtosa e noutros concelhos" com sistemas lagunares, António Valente deixou ainda outro aviso: "Não está contemplada nenhuma forma de atravessamento nem sequer para os veículos de emergência, o que significa que, se houver um acidente na ria, não há hipótese de ninguém lá chegar".

Para o presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, "as preocupações dos agricultores da Marinha são legítimas, sobretudo no que se refere à invasão dos seus terrenos pelas águas da ria", mas a empreitada é da Polis e a essa caberá decidir "se é possível algum ajuste", pelo que o autarca já agendou para a próxima semana uma reunião com essa entidade e a ALDA.

Contactada pela Lusa, a diretora da Polis Litoral Ria de Aveiro, Diana Gaspar, mostrou-se disponível para avaliar as pretensões dos agricultores nesse encontro, mas rejeitou que a sociedade tenha atuado em espaços privados sem autorização.

"Na empreitada de transposição de sedimentos para otimização do equilíbrio hidrodinâmico na Ria de Aveiro, a grande maioria dos locais identificados para depósito [de areias] localiza-se em terrenos de Domínio Público Marítimo, cuja dominialidade se considera pública, segundo a Lei da Água. Para todos os locais de depósito identificados como privados, a Polis obteve a necessária autorização prévia", garantiu.

Referindo que atualmente ainda só estão a decorrer dragagens nos concelhos de Murtosa e Ílhavo, Diana Gaspar nota que em Ovar as operações de estacaria só deverão começar em dezembro e visam ajudar à contenção dos dragados.

"Os depósitos colocados nas margens servirão para proteger os terrenos contra os frequentes fenómenos de galgamento e inundação, com os consequentes problemas de intrusão salina e de erosão", realçou.

Quanto à crítica sobre a ausência de discussão com a comunidade, a mesma responsável afirmou que a Polis "divulgou a intervenção através do seu 'site', da rede social Facebook, da comunicação social e, por forma a chegar mais diretamente às populações afetadas, através de editais fixados nas câmaras e juntas de freguesia".

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