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Andebol dá a 'seniores' o que "não puderam fazer quando eram jovens"

Equipados a rigor, com o apoio de uma equipa técnica e com três treinos por semana, cerca de 100 'seniores', com idades entre os 50 e 75 anos, jogam andebol em Vila Nova de Gaia a bem da saúde.

Andebol dá a 'seniores' o que "não puderam fazer quando eram jovens"
Notícias ao Minuto

10:00 - 18/07/19 por Lusa

País Reportagem

As sapatilhas a arrastar no soalho e as bolas de um lado para o outro ouvem-se no Pavilhão da Lavandeira, local que acolhe este grupo no âmbito do projeto Desporto Sénior, uma iniciativa da autarquia local.

O programa foi lançado em 2015 pela Câmara de Gaia para "usar o andebol de recreação como meio de melhoria da aptidão física, da saúde e do bem-estar" nas pessoas com mais de 50 anos, explicou à Lusa a coordenadora do projeto, Susana Póvoas.

Ainda que o objetivo da iniciativa seja "oferecer uma alternativa às ofertas tradicionais de exercício físico, que não são apelativas", os treinos exigem "uma frequência cardíaca elevada, trabalhando a resistência e a aptidão cardiovascular", contou a coordenadora.

Os treinos, que acontecem três vezes por semana, começam sempre com aquecimento com enfoque "no trabalho de força, no coração e no equilíbrio, para a prevenção de quedas", disse a responsável, acrescentando que a seguir o grupo faz jogos de andebol num ambiente "de grande diversão".

De acordo com Susana Póvoas, quando o projeto se iniciou, há quatro anos, estava apenas disponível para cerca de 30 mulheres, mas hoje em dia os géneros estão-se "a equilibrar", algo que considera "uma grande vitória".

"Os homens são muito mais difíceis de ser convencidos a integrarem programas de exercício físico", frisou.

Este não foi o caso de Fernando Moreira, de 67 anos, que, estando na equipa há meio ano, considera esta uma "decisão importantíssima" na sua vida, porque antes de integrar o programa se sentia "pesado" e "velho".

"Isto no fundo é exercício, mas dá-nos uma certa liberdade, enfrentam-se as coisas de outra maneira, porque eu baixo-me muito melhor e consigo correr, algo que já não fazia há muito tempo", contou.

O sexagenário participa nos três treinos semanais e afirmou mesmo que sente a "obrigação de aparecer", porque quando vê a bola torna-se "outro homem, mais jovem, mais alegre e com outra visão das coisas".

Enquanto que Fernando Moreira já tinha praticado a modalidade durante o serviço militar, Maria Hermínia, de 74 anos, nunca tinha jogado andebol antes de integrar o primeiro grupo do programa, em 2015.

Segundo a coordenadora do projeto, muitos dos participantes "sempre quiseram praticar" andebol, principalmente as mulheres, porque não tiveram a hipótese de o fazer "por várias razões, nomeadamente sociais", e agora, com esta iniciativa, "aos 50, 60 ou 70 anos, têm a oportunidade de fazer aquilo que não puderam fazer quando eram jovens".

Maria Hermínia considera o jogo "viciante" e afirmou que, desde que entrou para o programa, o colesterol "baixou" e a própria disposição melhorou.

"Formou-se um grupo que parece que já se conhecia há muito tempo e criou-se logo um espírito de equipa fantástico que realmente tornou tudo muito fácil", disse.

Segundo Susana Póvoas, é "extremamente gratificante ver a evolução" dos jogadores, quer em termos de mobilidade como através das avaliações médicas que são feitas no início e no fim do programa.

Agora que a época termina com a chegada do verão, a única dúvida que permanece em Fernando Moreira é saber "o que fazer neste interregno".

"Há uma fadista diz que canta até que a voz lhe doa, eu digo que continuo [no Desporto Sénior] até que as pernas me doam", concluiu Maria Hermínia, já a pensar nos treinos que serão retomados em outubro.

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