BE e Sindicato dos Corticeiros acusam Amorim de pressão a grevistas
Bloco de Esquerda (BE) e Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN) acusaram hoje diferentes empresas do Grupo Amorim de sujeitarem os trabalhadores a ritmo laboral excessivo e a "constrangimentos" devido à sua participação em greves.
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País Greve
Numa altura em que sindicatos e patrões estão a negociar o novo contrato coletivo de trabalho, com os primeiros a pedirem aumentos salariais mínimos de 20 euros e os segundos a ficarem-se pelos 17, o BE afirma que nas empresas Amorim Revestimentos e Amorim Flooring, ambas no concelho de Santa Maria da Feira, "tem aumentado de forma exponencial o número de trabalhadores em baixa médica" devido à exigência das funções.
Em comunicado, o partido declara: "Na linha de produção, a percentagem de trabalhadores em baixa médica quase chega aos 20%, um número verdadeiramente atípico e que traduz condições de trabalho particularmente penosas".
O BE recorda que os operários dessas empresas, já na greve de finais de junho "denunciaram ritmos de produção cada vez mais elevados, com cada vez menos trabalhadores [ao serviço], e uma pressão contante por parte das chefias para que os processos de produção sejam mais rápidos".
Linhas de produção "que antes tinham cinco trabalhadores estão agora a laborar com apenas dois, sendo-lhes exigida a mesma produção"; há operários "pressionados pelos representantes dessas empresas para trabalharem aos sábados e domingos", além dos dias úteis; e existirão ainda trabalhadores que ficam "12 dias a laborar sem um único de descanso".
Considerando que essas alegadas práticas "estão a provocar um elevado número de baixas médicas por exaustão e pressão psicológica, e a levar a um aumento de doenças profissionais", o BE remeteu o assunto ao Governo, apelando a que esse invetive "as autoridade de saúde" a atuarem.
Já o alerta do SOCN prende-se com a Amorim Cork Composites, que, também na Feira, foi objeto de uma paralisação a 20 de junho para reivindicação de aumentos salariais específicos.
Afirmando que os motivos da greve foram previamente comunicados à empresa, o SOCN diz hoje: "Diversos trabalhadores que aderiram à greve foram, quer antes quer posteriormente, questionados individualmente por chefias e responsáveis dos recursos humanos quanto às razões, motivações e desígnios das suas participações".
O SOCN reclama que "essas atitudes de condicionamento e constrangimento dos trabalhadores são inaceitáveis e eticamente censuráveis", já que a greve "é um direito garantido e tutelado por convenções internacionais, pela Constituição Portuguesa, pela legislação ordinária e pelo Contrato Coletivo" do setor.
"Não se pode aceitar que uma entidade patronal ?marque' trabalhadores pelo simples facto de aderirem a uma greve legal", defende.
Questionada pela Lusa, fonte oficial do Grupo Amorim rejeita a acusação de ritmos de produção mais elevados na Amorim Revestimentos, ao afirmar que a produção na empresa "foi, na verdade, reduzida nos últimos cinco meses".
Realçando que "a taxa de absentismo na empresa ronda os 6%" e que esse valor "está há vários anos estável e dentro da média da indústria", a mesma fonte acusa o BE de "aproveitamento político" do período negocial que se vive no setor.
"Mas, muito mais importante, é a atual retoma da atividade da empresa, alicerçada no lançamento dos novos produtos que têm chegado ao mercado nas últimas semanas e que são inovadores, fruto do investimento em tecnologias que, ao otimizarem o processo produtivo, também melhoraram as condições de trabalho dos colaboradores", refere.
Quanto a eventuais fiscalizações por entidades ligadas à Saúde Pública, a Amorim diz que a empresa "está aberta a qualquer inspeção que as autoridades competentes queiram realizar" e salienta: "Elas até são habituais e orientadas por critérios objetivos, não se baseando, como o próprio BE refere, em algo que ?nos foi dito'".
Já no que se refere às alegadas pressões sobre grevistas, a Amorim ainda não comentou o assunto.
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