Cartoon português dá que falar e leva Trump a exigir pedido de desculpa
O cartoon, feito por um artista português, foi publicado num jornal norte-americano e as críticas ao seu conteúdo não se fizeram esperar, levando o próprio cartoonista a reagir.
© The New York Times/Expresso
País Polémica
O cartoonista António, colaborador do semanário Expresso, viu o seu trabalho envolto em polémica depois de o jornal The New York Times o ter publicado nas suas páginas.
Tudo começou no último dia 19, quando o desenho foi publicado no semanário português.
O cartoon em causa mostra Donald Trump com um quipá na cabeça (símbolo judaico) e óculos escuros nos olhos enquanto é guiado por um cão com a cara de Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelita.
Uma semana depois, no dia 25, o desenho foi publicado no jornal norte-americano e foi então que o ‘verniz estalou’.
Primeiro foi o filho do Presidente dos Estados Unidos a comentar a publicação, dizendo não ter “palavras para o antissemitismo” patente no cartoon. “Imaginem se isto não estivesse num jornal de Esquerda?”, apontou.
Holy shit look at this deeply anti-Semitic cartoon in the New York Times: pic.twitter.com/0D0jw7qJKi
— Raheem Kassam (@RaheemKassam) April 27, 2019
Mas não foi o único. Os leitores (e não só) do jornal americano revoltaram-se com o cartoon que consideraram antissemita e, no último sábado, o jornal emitiu uma nota onde admitia que a publicação do desenho tinha sido um “erro”.
An Editors' Note to appear in Monday’s international edition. pic.twitter.com/1rl2vXoTB3
— New York Times Opinion (@nytopinion) April 27, 2019
No entanto, os responsáveis pelo conceituado jornal não pediram desculpa e os ânimos continuaram exaltados, levando o Comité Judaico-Americano a questionar a publicação como estava a pensar "corrigir" a situação.
Apology not accepted. How many @nytimes editors looked at a cartoon that would not have looked out of place on a white supremacist website and thought it met the paper’s editorial standards? What does this say about your processes or your decision makers? How are you fixing it? https://t.co/HD5LdeZ9z3
— AJC (@AJCGlobal) April 27, 2019
Face a toda a situação, o jornal americano viu-se então 'obrigado' a corrigir a sua postura e emitiu uma nova nota, no domingo à tarde, a pedir efetivamente "desculpa" pela publicação do cartoon "antissemita".
We apologize for the anti-Semitic cartoon we published. Here’s our statement. pic.twitter.com/nifZahutpO
— New York Times Opinion (@nytopinion) April 28, 2019
Ainda assim, Donald Trump não se mostrou convencido e aproveitou o cartoon para 'atacar' o The New York Times relativamente a outras questões.
"O New York Times pediu desculpas pelo terrível cartoon antissemita, mas não me pediu desculpas a mim por isto e por todas as notícias falsas e corruptas que publicam diariamente", escreveu o Presidente norte-americano, rematando com uma crítica forte: "Atingiram o nível mais baixo do ‘jornalismo’ e, certamente, um ponto baixo na história do The New York Times”.
The New York Times has apologized for the terrible Anti-Semitic Cartoon, but they haven’t apologized to me for this or all of the Fake and Corrupt news they print on a daily basis. They have reached the lowest level of “journalism,” and certainly a low point in @nytimes history!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 29, 2019
Por cá, o jornal Expresso publicou, há instantes, uma nota de esclarecimento a propósito do cartoon do seu colaborador António.
"A membros da comunidade judaica e aqueles que se possam ter sentido ofendidos e face à polémica gerada, o Expresso esclarece que nunca foi intenção retratar Israel ou a religião judaica e o seus fiéis de forma menos digna", lê-se na nota que não tem qualquer referência ao Presidente norte-americano.
António rejeita críticas de antissemitismo https://t.co/SkvQydxyEc
— Expresso (@expresso) April 29, 2019
Por sua parte, o autor do cartoon já reagiu à polémica e, em declarações à SIC Notícias, rejeitou as acusações que têm vindo a ser feitas ao seu desenho.
"Eu não sou antissemita", garantiu, assegurando que a "acusação de antissemitismo não tem qualquer sentido".
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