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'Escolas de Empatia': Pequenas (grandes) atitudes combatem o bullying

O projeto piloto do 'Escolas de Empatia' está a ser implementado na escola básica Teixeira de Pascoais, em Alvalade.

'Escolas de Empatia': Pequenas (grandes) atitudes combatem o bullying
Notícias ao Minuto

08:15 - 12/04/19 por Filipa Matias Pereira

País Projeto

O bullying é uma realidade cada vez mais discutida entre psicólogos e pedagogos. E com o intuito de reduzir a incidência deste fenómeno entre pares no contexto escolar surge o 'Escolas de Empatia'.

Andreia Nogueira, psicóloga, responsável pelo projeto, em declarações ao Notícias ao Minuto, refere que "trabalhar a empatia é tomar consciência do outro, dos seus sentimentos e desenvolver a capacidade de nos colocarmos no seu lugar".

Ora, "as crianças que desenvolvem esta competência vão estar mais despertas para o impacto que as suas ações podem ter nos outros, demonstrar maior tolerância e aceitação perante os outros, o que reduz a probabilidade de praticarem comportamentos agressivos. Portanto, acreditamos que este projeto possa ter um efeito preventivo de situações de bullying, além de capacitar as crianças para intervir perante essas situações caso ocorram com elas e/ou com os outros que as rodeiam".

A ideia de implementar este conceito "surgiu da adaptação do 'Houses of Empathy', um projeto europeu que a Associação Par – Respostas Sociais promoveu, trabalhando em parceria com entidades de Itália, Irlanda do Norte e Espanha". O objetivo central, explica ainda a psicóloga, centrava-se em "reduzir os índices de bullying entre pares em casas de acolhimento, sendo a Par entidade promotora e responsável pela aplicação do programa em diversas casas de acolhimento em Portugal".

Considerando o "impacto positivo do projeto" e a "problemática crescente de situações de violência entre pares nas escolas", surgiu então "a ideia da adaptação do programa para o contexto escolar". Pese embora o conceito tenha sido adaptado para crianças do 1.º ciclo do ensino básico, a responsável pelo projeto revela que a intenção é alargá-lo a outras faixas etárias.

Como se aplica?

O 'Escolas de Empatia', para operacionalizar os objetivos a que se propõe, recorre a técnicas de educação não formal - uma "metodologia de aprendizagem estruturada e integradora/inclusiva, que pressupõe uma participação voluntária e centrada nas experiências, necessidades e competências da pessoa que integra esse processo".

Com efeito, este projeto, que está a ser implementado pela primeira vez na escola básica Teixeira de Pascoais, em Alvalade, Lisboa, pressupõe "sessões estruturadas que contemplam técnicas participativas, ativas e experienciais responsáveis por promover a educação/aprendizagem entre pares. As crianças participam em jogos e dinâmicas de grupo que resultam numa reflexão e partilha entre todos, sendo elas a compreender e a dar as respostas, ao seu ritmo", exemplifica Andreia Nogueira.

Dividido por unidades, cada uma "pretende desenvolver uma competência", nomeadamente "a comunicação assertiva, a resolução de problemas, a gestão de emoções, a autoestima e, por fim, o bullying e a empatia são abordados de forma direta". Ao longo de todo o programa, frisa a psicóloga, "a competência de empatia é fomentada nas dinâmicas desenvolvidas, sendo a base de todo o projeto. Todas as competências estão interligadas e consideramos que o seu desenvolvimento é fundamental para que a criança e jovem esteja preparado para prevenir e/ou lidar eficazmente com situações adversas que ocorram, incluindo situações de bullying".

Considerando que este é um projeto piloto implementado recentemente, "ainda não existem resultados objetivos". Porém, continua a psicóloga, "o balanço tem sido bastante positivo até ao momento, tendo em conta a opinião das crianças envolvidas no programa e dos seus pais e professores, bem como as suas pequenas (mas grandes) atitudes na interação com os outros, sendo visível mudanças positivas".

A título exemplificativo, Andreia Nogueira recorda um caso de uma aluna do 3.º ano que, "após algumas sessões do programa, tinha pedido para fazer a chamada num determinado dia, mas havia outras crianças da turma a pedir". Essa aluna, de lágrimas nos olhos, explicou à psicóloga que "deveria ceder o seu lugar de fazer a chamada a um colega que estava a pedir porque o tinha magoado com um comportamento nesse mesmo dia". Mas há mais. "Uma aluna do 1.º ano, uma vez mais após algumas sessões do programa, procurou-me e disse-me que estava a ajudar os outros a resolver conflitos e, por isso, estava a fazer a sua missão de espalhar empatia. Estas pequenas (grandes!) atitudes de empatia fazem a diferença no dia a dia de uma escola", conta. 

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