Anti-fascistas e apoiantes de Salazar. Opostos manifestam-se na capital
Anti-fascistas e apoiantes de Salazar saem hoje à rua, em Lisboa, à mesma hora. Os primeiros no Rossio, os segundos vão marchar do Lago do Rato até à Assembleia da República.
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País Lisboa
Lisboa vai ser esta sexta-feira palco de duas manifestações: de um lado vão estar antifascistas e anti-racistas, do outro estarão manifestantes pelo lema ‘Salazar faz muita falta’.
Não nos equivocamos se considerarmos que na rua estarão lados opostos. E não consta que os opostos se atraiam efetivamente como nos romances.
Marcada para as 18h30, a ‘Manifestação contra o Fascismo!’, que junta dezenas de associações – entre as quais a SOS Racismo -, afirma que “o capitalismo alimenta o racismo e o fascismo para nos dividir”. Por isso, apelam, “não deixemos que alastrem pelos nossos bairros e entrem nas nossas vidas”.
“O fascismo sempre espreita, a sua essência nasce com um sistema de domínio que nos reprime desde o início das nossas vidas. As elites financeiras fomentam o permanente aumento das desigualdades sociais e,consequentemente, da repressão a todas as pessoas que contra elas resistem”, pode ler-se.
E, neste ‘caldo’, “facilmente germinam ideias racistas e xenófobas, tentando encontrar o bode expiatório nas minorias que mais sofrem com este sistema”. Os organizadores desta manifestação recordam que em países como o Brasil, os Estados Unidos, Itália, Hungria, Polónia, Suécia, onde a extrema-direita “pelo voto já subiu ao poder” e noutros, como Espanha, França, Áustria, “cada vez começa a ganhar mais aceitação social”. A ‘Manifestação contra o Fascismo!’, onde estarão presentes também alguns artistas, sai à rua, a partir das 18h30, no Rossio, com concertos e convívio a partir das 20h30 no Largo Camões.
Quanto à outra mobilização, ‘Salazar faz muita falta’, organizada pelo movimento de extrema-direita ‘Nova Ordem Social’, liderado por Mário Machado, o encontro será das 19 horas às 21 horas, numa marcha do Largo do Rato até à Assembleia da República.
Estas duas manifestações acontecem depois de umas semanas em que na ordem do dia esteve o episódio no bairro da Jamaica, no Seixal, e que originou acusações de abuso policial e de racismo, a que se seguiram protestos, um dos quais na avenida da Liberdade, onde população negra do bairro no centro da polémica e que acabaria com desacatos, com a polícia a disparar balas de borracha.
A polémica em torno da intervenção policial no bairro da Jamaica ultrapassou fronteiras, tendo o jornal Guardian dedicado uma reportagem ao assunto, com o título 'Brutalidade policial revela realidade urbana de Portugal', em português, falando da "má semana" vivida em Lisboa.
Ao longo dessa semana, a tensão pairou no ar. Polémica foi também a reação do dirigente da SOS Racismo ao vídeo da intervenção da polícia no Bairro da Jamaica. A expressão “bosta da bófia” - usada em reação ao vídeo da intervenção policial no bairro – intensificou o debate e fez a polémica subir de tom.
Revoltados com a reação de Mamadou Ba, elementos do PNR fizeram uma espera ao dirigente associativo, acusando-o de ser o próprio a fomentar o racismo. Associado desde a primeira hora ao caso do Bairro da Jamaica (Joana Mortágua divulgou o vídeo da intervenção policial), o Bloco de Esquerda viu vários dos seus dirigentes a serem ameaçados de morte nas redes sociais. Com o passar dos dias, a tensão parece ter amainado.
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