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"Excesso verbal" cria sensação de insegurança no SNS que "não é real"

A Ministra da Saúde criticou, esta terça-feira, o "excesso verbal" a que as ordens recorreram nos últimos dias porque pode criar uma sensação de insegurança no Serviço Nacional de Saúde (SNS) "que não é real". Marta Temido admitiu recorrer ao privado para a realização de cirurgias adiadas.

"Excesso verbal" cria sensação de insegurança no SNS que "não é real"
Notícias ao Minuto

13:42 - 11/12/18 por Melissa Lopes

País Marta Temido

A ministra da Saúde deixou esta terça-feira uma mensagem de alguma tranquilidade relativamente ao impacto que a greve dos enfermeiros está a ter no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que, até sexta-feira passada, já fez adiar cerca de cinco mil cirurgias.

Em declarações aos jornalistas, Marta Temido chamou a atenção para um dos efeitos causados pela greve: a fragilização aparente no serviço público, uma fragilidade que não acredita que seja criada “deliberadamente” pelos enfermeiros em greve.

Mas, todos temos de ter a perceção que quando tomamos determinados atos, atitudes, não são só os atos que contam, é também a imagem que fica aos olhos da opinião pública em geral”, referiu a governante, destacando que, anualmente, realizam-se perto de 600 mil cirurgias no SNS, tendo a greve feito adiar cerca de 5 mil. 

Cirurgias adiadas podem ser feitas no privado?

A ministra admitiu recorrer a hospitais privados para resolver algumas cirurgias adiadas por causa da greve. 

"Continuamos a trabalhar no sentido de que todas as cirurgias que neste momento não estão a ser realizadas possam ser reagendadas no mais curto prazo possível e continuamos a trabalhar com os conselhos de administração no sentido de encontrar soluções para que, ainda dentro do período da greve, algumas das cirurgias que não correspondem ao padrão de serviços mínimos" possam ser realizadas. 

Segundo Marta Temido, está a tentar-se que algumas destas cirurgias possam realizar-se nos hospitais onde decorre a paralisação. "Temos tido alguma colaboração dos piquetes de greve no sentido do alargamento de salas para alguns casos específicos ou para que essas cirurgias possam ser realizadas noutros hospitais, preferencialmente do Serviço Nacional de Saúde", mas "se for necessário também com hospitais privados", adiantou.

"O Ministério não está impávido, mas está sereno"

“Portanto, pese embora a enorme preocupação com que olhamos este impacto na vida dos portugueses, na sua saúde, ao qual estamos atentos e que continuaremos a trabalhar para controlar e contornar, esta greve tem a dimensão que tem”, prosseguiu a ministra, saudando o facto de o SNS “ter capacidade de fazer outras coisas muito importantes e muito positivas”. 

Nas suas declarações, Marta Temido insistiu na ideia de que “o SNS não é a imagem que se lhe pretende colar de serviço onde as pessoas não estão protegidas” e garantiu que os doentes estão protegidos. “As pessoas estão protegidas, as ordens profissionais têm um papel fundamental. Sabemos que podemos contar com elas para essa segurança dos doentes”, asseverou.

A ministra garantiu ainda estar "bastante preocupada com as condições de trabalhos dos cerca 130 mil profissionais que trabalham no SNS". Todavia, está "mais preocupada com os dez milhões que a ele precisam de recorrer diariamente". 

Das cerca de cinco mil cirurgias adiadas, as que mais preocupam o Ministério são as áreas da cirurgia vascular, a área da pediatria e urgências de feridas, embora Marta Temido sublinhe não ser possível "fazer uma lista de prioridades". 

Questionada sobre se podia assegurar que não iria existir qualquer morte relacionada com esta greve (como não conseguiu garantir o bastonário da Ordem dos Médicos), a ministra respondeu que, "se estiverem em causa riscos deontológicos, as ordens profissionais garantirão que os doentes não serão colocados em risco". 

Por fim, a responsável pela pasta da Saúde, alertou para o "excesso verbal", que cria uma sensação de insegurança "que poderá não ser real". "O Ministério da Saúde não está impávido relativamente a esta grave", mas "está sereno" a trabalhar no terreno, rematou. 

O que exigem os enfermeiros em greve?

A 'greve cirúrgica' dos enfermeiros, que se iniciou em 22 de novembro e termina em 31 de dezembro, está a decorrer nos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal.

Os enfermeiros queixam-se da falta de valorização da sua profissão e das dificuldades das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde. Pretendem uma carreira, progressões que não têm há 13 anos, bem como a consagração da categoria de enfermeiro especialista.

Lembram ainda que os enfermeiros levam para casa menos de mil euros líquidos por mês e que cumprem muitas horas extraordinárias que não lhes são pagas.

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