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Escolas fecham olhos a regras e inflacionam notas. "Não é nenhum drama"

O primeiro relatório da Inspeção-Geral de Educação e Ciência mostra que escolas dão nota máxima a alunos em critérios subjetivos, como a oralidade, inflacionando as classificações internas. Conselho de Escolas diz que "não é nenhum drama", considerando redutor destacar quem inflaciona notas.

Escolas fecham olhos a regras e inflacionam notas. "Não é nenhum drama"
Notícias ao Minuto

12:30 - 19/11/18 por Melissa Lopes

País Educação

Um relatório da Inspeção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) mostra que as escolas secundárias inflacionam as notas internas, facilitando depois o acesso no ensino superior.

De acordo com o relatório, que avaliou o indicador do alinhamento das notas internas em 12 escolas do país intervencionadas em 2017, os normativos vigentes sobre avaliação dos alunos do ensino secundário, em alguns aspetos, nomeadamente no que diz respeito à ponderação dos critérios/subcritérios de avaliação, são “omissos e permitem interpretações erróneas relativas à operacionalização do processo avaliativo dos alunos”.

Mais, refere o IGEC, “em algumas situações, carece de plena fundamentação, observando-se frequentemente que são valorados com a classificação máxima”. Isto é, nos critérios onde não há propriamente testes de avaliação, como é o caso da oralidade (em Português), o da prática e ou experimental nas disciplinas de Física e Química A e de Biologia e Geologia, e ainda o relativo às atitudes ou da componente socioafetiva (onde cabe, por exemplo, a pontualidade e assiduidade), é atribuída a nota máxima aos alunos, sem fundamentação para tal, variando o peso destes critérios significativamente na nota final de escola para escola. 

O indicador do alinhamento compara as notas internas atribuídas pela escola aos seus alunos com as notas internas atribuídas pelas outras escolas do país a alunos com resultados semelhantes nos exames nacionais. Ao comparar alunos que obtêm classificações semelhantes nos exames, o indicador mede possíveis desalinhamentos, entre as escolas, do grau de exigência na atribuição de notas internas.

Depois de intervencionadas, 80% das escolas alteraram os comportamentos seguindo as recomendações feitas, tendo o valor do indicador do alinhamento das notas internas decrescido, destaca o relatório. 

A maioria das escolas intervencionadas (privadas e públicas), note-se, situa-se no Norte do país (9), e as restantes são duas do Sul e uma no Centro. 

Questionado sobre o relatório, o presidente do Conselho de Escolas considera que a autonomia e a flexibilização dos critérios de avaliação fazem com que se torne redutor dar mais destaque às escolas que alegadamente inflacionam as notas dos alunos.

"As escolas que têm critérios que consideram mais elementos na avaliação dos alunos, valorizando o que o aluno faz todos os dias, e outras que valorizam mais o desempenho em testes. Com tantos professores a avaliar, tão diferentes e em tão diferentes regiões não podemos ter um guião", disse à Lusa o presidente do Conselho das Escolas, José Eduardo Lemos de Sousa. 

O responsável do Conselho das Escolas, um órgão consultivo que representa as escolas da rede pública junto do Ministério da Educação, admite que haja escolas em que nos critérios usados tenham mais flexibilidade do que outras, mas sublinha que estas diferenças não são dramáticas.

"Não é nenhum drama e acho que devemos valorizar e preocupar-nos tanto com as que alegadamente inflacionam como com as que alegadamente deflacionam", afirmou José Lemos, frisando: "a inspeção fez um bom trabalho, mas estamos a falar de 10 escolas e não podemos estender [estes dados] a todas as escolas do país".

José Lemos sublinhou ainda: "Na altura em que as escolas eram induzidas a valorizar a métrica quantitativa, conhecimentos e saber, se nesse âmbito se pode falar em inflação de notas, temo que agora, quando a avaliação assenta em áreas de maior subjetividade e não tão tangíveis metricamente, poderemos ter um problema".

"Quem avalia os alunos são vários professores, em conselho de turma, que se guiam por critérios da própria escola, que são diferentes de escola para escola, pois umas podem ter critérios mais favoráveis aos alunos - não contam apenas com os testes - do que outras e, assim, é possível ter algumas discrepâncias", acrescentou.

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