Mãe de jovem agredida: "A cor e a nacionalidade não nos definem"
Mãe da jovem de ascendência colombiana lamenta o que aconteceu e revela que situações do género têm acontecido ao longo dos últimos três anos. "Ficámos em silêncio por medo", confessa.
© Reprodução Facebook
País Polémica
Angela Patricia Quinayas, mãe da jovem agredida no Porto, contou à estação Blu Radio o episódio que a filha viveu na noite de São João.
Segundo Angela, a filha, Nicol, tentou chegar junto das amigas que se encontravam no início da fila na paragem do autocarro. Ao fazê-lo, as outras pessoas que também aguardavam ficaram chateadas. “Ela pediu desculpa e perguntou a uma senhora se podia passar à sua frente”, revela. A resposta, garante, foi afirmativa.
Quando chegou o autocarro da STCP, o fiscal, da empresa privada 2045, agrediu e insultou Nicol, conforme escreveu esta manhã o Notícias ao Minuto.
“O senhor nem lhe pediu o bilhete. Simplesmente puxou-a pelo braço e disse: Negra, tu aqui não entras, não vais à frente de ninguém. Neste autocarro não vais, vai para a tua terra, preta de merda", descreveu, prosseguindo: depois, “deu-lhe com os punhos na cara, derrubou-a no chão e deu-lhe uma patada na cara”.
Nicol sofreu lesões graves no rosto, tendo ficado visivelmente mal tratada.
A mãe da vítima assegurou ainda ao mesmo meio que este tipo de situações se têm repetido nos últimos três anos e que, inclusivamente, a filha já chegou a receber ameaças dos vizinhos.
“Ficámos em silêncio por medo (…) É lamentável que no século XXI tenhamos que ouvir coisas repugnantes. Estou muito triste, esse homem podia ter-me deixado sem a minha filha. Ninguém deve receber tal tratamento, a cor e a nacionalidade não nos definem”, afirmou ainda.
SOS Racismo
Perante o caso, a SOS Racismo emitiu um comunicado, lamentando que "os uniformes" confiram "o sentimento de impunidade" a "determinados indivíduos".
"Lamentavelmente, os uniformes parecem conferir a determinados indivíduos o sentimento de impunidade de que precisam para atuar fora da lei. Os insultos e o uso absolutamente desproporcionado da violência foram, neste caso, mais um exemplo de discriminação racista e xenófoba em Portugal", lê-se no comunicado.
"Este caso é agravado pelo facto de o agressor se encontrar ao serviço de uma empresa pública, e por a atuação da Polícia de Segurança Pública chamada ao local, ter, aparentemente, pecado por escassa", acrescenta, dizendo aguardar pelo resultado das averiguações.
O SOS Racismo sublinha estar "solidário com a vítima" e disponibiliza-se "para todo o apoio que a mesma precisar e que esteja ao seu alcance, e condena veemente este tipo de agressões".
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