Eis o que Mario Draghi disse na reunião do Conselho de Estado
O presidente do Banco Central Europeu afirmou hoje que o BCE acolhe com agrado o compromisso das autoridades portuguesas em preparar medidas adicionais para cumprir os compromissos do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
© Lusa
Economia Belém
Durante a sua intervenção na reunião do Conselho de Estado, na qual participa como convidado do Presidente da República, Mario Draghi referiu que o BCE se congratula com o facto de a Comissão Europeia considerar que o Orçamento do Estado para 2016 (OE2016) "não revelava um incumprimento particularmente grave" do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
"Acolhemos igualmente com agrado o compromisso das autoridades portuguesas em preparar medidas adicionais, destinadas a ser implementadas quando necessário para assegurar a conformidade", afirmou.
No discurso divulgado pelo BCE, Draghi referiu que persistem "desafios importantes, dado a área do euro continuar a ser negativamente afetada por um crescimento potencial reduzido e por um desemprego estrutural elevado".
Segundo Draghi, a recuperação na zona euro está atualmente a avançar a um ritmo moderado, com o apoio das medidas de política monetária adotadas pelo BCE.
"Todavia, o investimento permanece fraco, uma vez que a incerteza acrescida no que respeita à economia mundial e aos riscos geopolíticos mais abrangentes pesam sobre o sentimento dos investidores", apontou.
"A recuperação também está a ganhar terreno em Portugal", considerou Draghi, salientando que a economia portuguesa regista o mesmo ritmo de crescimento que o conjunto da zona euro e "o desemprego apresenta uma tendência claramente descendente".
Mas, para o presidente do BCE "os sinais de retoma" tanto na zona euro como em Portugal "não devem dar azo a comprazimento".
"As nossas economias apresentam ainda vulnerabilidades significativas, às quais é necessário dar rapidamente resposta", afirmou, indicando o desemprego jovem.
"Em Portugal, mesmo agora, aproximadamente um terço da população ativa jovem continua sem ter emprego", disse, sublinhando que isso "prejudica seriamente a economia".
Segundo o presidente do BCE, é preciso agir com rapidez "para evitar criar uma geração perdida".
Lembrando as medidas adotadas pelo BCE para impulsionar a inflação, com taxas de juro muito baixas e um programa alargado de compra de dívida, Draghi afirmou que o BCE "não pode criar sozinho" as condições para uma recuperação sustentável do crescimento.
Apesar de reconhecer que em muitos países da zona euro a margem orçamental para apoiar o crescimento "é atualmente limitada", o presidente do BCE referiu que se deve "redirecionar a despesa pública para o investimento, investigação e educação".
No campo das reformas, Draghi afirmou que "os esforços desenvolvidos por Portugal foram notáveis e necessários" e que há "sinais claros" de que estão a "dar fruto".
O crescimento "dinâmico" do emprego em 2014 sugere que as reformas do mercado de trabalho estão a tornar a economia mais adaptável, exemplificou.
Para Draghi, "não se justifica anular reformas anteriores. Para além de preservar o que já foi alcançado, são necessárias mais reformas no conjunto da zona euro".
"É essencial acelerar o ritmo de reforma", disse, lembrando que hoje mesmo, o Conselho de Estado vai abordar o Programa Nacional de Reformas.
Menos de um mês depois de ter tomado posse como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa convocou para hoje a primeira reunião do Conselho de Estado, com a participação de Mario Draghi para apresentar uma exposição "sobre a situação económica e financeira europeia".
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