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Há 80 anos viveu Noite de Cristal. Agora teme que aconteça "de novo"

Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, a perseguição aos judeus teve ponto de viragem na Alemanha nazi. Um sobrevivente que vive na Austrália teme que a história se repita.

Há 80 anos viveu Noite de Cristal. Agora teme que aconteça "de novo"
Notícias ao Minuto

23:10 - 08/11/18 por Pedro Filipe Pina

Mundo Andy Factor

Hoje em dia, Andy Factor é um australiano nonagenário. Mas na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, era um rapaz judeu, de 14 anos, de nome Abraham, a viver na Alemanha nazi.

A noite em causa ganhou o nome de 'Noite de Cristal' e marca um ponto de viragem na Alemanha nazi. Os judeus já eram discriminados na Alemanha de então. Mas naquela fatídica noite, mais de 90 pessoas foram mortas e as lojas, montras e sinagogas de judeus um pouco por todo o lado foram destruídos, com as autoridades a olharem sem nada fazerem.

O antissemitismo era notório, com a violência a aumentar. Os anos seguintes mostrariam como os nazis estavam empenhadas na Solução Final para os judeus.

Em entrevista a ABC News, por ocasião dos 80 anos da Noite de Cristal, Andy lembra o medo que viveu com a sua família naquela noite. "Estão a partir janelas. Não vão à rua. Os nazis estão aí", recorda, admitindo que ainda hoje se lembra do som estridente de vidros a partir.

Andy já tinha sentido a discriminação. Com nove anos de idade, e fascinado pelas fardas e o serviço militar, tentou aderir à Juventude Hitleriana. Foi, inevitavelmente, recusado. Nos anos seguintes aprenderia aos poucos a violência da discriminação. "Teve um terrível efeito sobre mim. Tinha esta noção de que era anormal", recorda. 

No dia a seguir à Noite de Cristal, Andy foi ter com o pai à fábrica onde este trabalhava. Um oficial das SS estava junto do seu pai. Andy recorda a decisão difícil que teve de tomar: fugir ou juntar-se ao pai. Foi ter com o pai e ambos acabaram detidos (tal como cerca de 30 mil outros judeus que foram detidos logo no rescaldo da Noite de Cristal).

Andy esteve cinco dias preso e prestes a ser enviado para o campo de concentração de Buchenwald. Um oficial amigo do seu pai conseguiu evitar esse destino.

Em fevereiro de 1940, Andy chegou com familiares a Fremantle, na Austrália. Um ano depois, já adulto, foi recrutado e teve de voltar para a Europa, agora para combater os nazis. Sobreviveu.

Chegados a 2018, Andy admite novo receio, o do "ressurgimento do antissemitismo". O massacre numa sinagoga, em Pittsbugh, nos EUA, há cerca de duas semanas, é uma das razões para tal: 11 pessoas morreram num ataque perpetrado por um homem que defendia o genocídio dos judeus. 80 anos depois, este sobrevivente deixa o alerta nesta entrevista à ABC News: "estou convencido que pode acontecer de novo".

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