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Acordo de paz na Colômbia está no "ponto mais crítico"

O partido da antiga guerrilha colombiana FARC disse hoje que o acordo de paz na Colômbia está "no seu ponto mais crítico" após a detenção por narcotráfico, com objetivo de extradição para os EUA, de um dos seus líderes.

Acordo de paz na Colômbia está no "ponto mais crítico"
Notícias ao Minuto

15:56 - 10/04/18 por Lusa

Mundo FARC

"Com a captura do nosso camarada Jesús Santrich, o processo de paz encontra-se no seu ponto mais crítico e ameaça tornar-se um verdadeiro fracasso", assegurou em conferência de imprensa em Bogotá o número dois das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Iván Márquez, que se tornou numa força política.

Santrich, aliás Seuxis Pauxias Hernández Solarte, 51 anos, foi capturado na segunda-feira na sua casa em Bogotá pela procuradoria colombiana, na sequência de um mandado de captura emitido pela Interpol e após ter sido acusado por narcotráfico por um tribunal dos Estados Unidos.

"A detenção de Santrich faz parte de um plano orquestrado pelo Governo dos Estados Unidos, com a participação da procuradoria colombiana", denunciou Márquez.

O detido é indiciado por se ter dedicado ao narcotráfico após a assinatura do acordo de paz, em 24 de novembro de 2016.

O número dois da antiga guerrilha, convertida no partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC), disse que este suposto plano "ameaça estender-se a toda a ex-liderança" da organização guerrilheira, "com o objetivo de decapitar a direção política do partido e sepultar os anseios de paz do povo colombiano".

O comunicado da FARC também denuncia a "ignominiosa subordinação da justiça colombiana" à justiça dos Estados Unidos, que considerou "sinuosa", e acusou-a de ter efetuado "outra montagem (...) como sucedeu com os processos contra Simón Trinidad".

Este guerrilheiro, aliás Juvenal Ovidio Ricardo Palmera Pineda, foi extraditado em 2004 para os Estados Unidos, onde cumpre uma pena de 60 anos de prisão pelo sequestro de três cidadãos norte-americanos.

A FARC considera esta detenção "uma péssima mensagem de incumprimento dirigida aos ex-guerrilheiros" que permanecem concentrados nos Espaços Territoriais de Captação e Reincorporação (ETCR), e pediu-lhes para "manterem a calma e não aceitarem a provocação".

Segundo a mensagem lida por Iván Márquez, com a detenção de Santrich "pretende-se forçar o abandono do processo [de paz] para justificar a continuação da violência".

A FARC solicita assim uma "reunião de emergência" com o Presidente Juan Manuel Santos, pedindo-lhe "que cumpra o acordo e a palavra dada".

Foi ainda solicitada outra reunião com Cuba e Noruega, países garantes do acordo de paz, enquanto se expressa "solidariedade" a Santrich e "apoio à greve de fome que iniciou", segundo anunciou ontem o seu advogado, Gustavo Gallardo.

O acordo de paz garante a não extradição de membros da FARC por delitos cometidos antes da assinatura do acordo de paz e no decurso do conflito armado, mas segundo as autoridades as acusações emitidas contra Santrich referem que foram cometidas posteriormente.

Juntamente com Santrich, foram detidas mais três pessoas, identificadas como Marlon Marín, Armando Gómez, aliás "o doutor", e Fabio Simón Younes Arboleda.

Iván Márquez confirmou que Marlon Marín é seu familiar e disse que "tudo faz parte da montagem promovida pelo procurador-geral da nação".

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