O estudo da Universidade de Southampton e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva (Leipzig, Alemanha) conclui que as pinturas existentes em três cavernas de Espanha foram criadas há mais de 64 mil anos, 20 mil anos antes de os humanos modernos ('Homo sapiens') terem chegado à Europa.
A datação significa que as pinturas rupestres das cavernas do paleolítico, que incluem imagens de animais e sinais geométricos, deverão ter sido feitas por Neandertais, espécie "irmã" do 'Homo sapiens' e os únicos humanos que povoavam a Europa nessa altura.
E significa também, segundo o estudo publicado na revista Science, que o 'Homo neanderthalensis' pensava simbolicamente, como os seres humanos modernos.
A equipa internacional de cientistas usou uma nova técnica, chamada 'urânio-tório', para determinar a idade das pinturas em mais de 64.000 anos. A nova técnica é mais confiável do que a datação por radiocarbono e põe assim em causa a atribuição, até agora, das pinturas das cavernas aos humanos modernos.
O novo método de datação tem em conta a acumulação de pequenos depósitos de carbonato de cálcio por cima das pinturas rupestres. Estes depósitos contêm vestígios de elementos radioativos de urânio e tório que indicam a data de formação, e indicam uma idade mínima para qualquer coisa que esteja por baixo.
"Esta é uma descoberta incrivelmente emocionante, que sugere que os Neandertais eram muito mais sofisticados do que comummente se acreditava", disse Chris Standish, o principal autor do estudo.
Os investigadores analisaram mais de 60 amostras de carbonato de cálcio de três cavernas em Espanha onde existem "quadros" pintados a ocre ou preto contendo desenhos de animais, pontos e sinais geométricos e desenhos de mãos. E dizem que a criação de arte envolveu um comportamento sofisticado, como a escolha do local, o planeamento da fonte de luz ou a mistura de pigmentos.
Alistair Pike, outro dos autores do estudo, lembrou que os homens de Neandertal foram considerados primitivos e sem cultura, e acrescentou que a descoberta agora anunciada vai contribuir para o debate sobre o comportamento humano dos Neandertais.